Avanço econômico ignora os pobres

Rio ( AG) – A desigualdade no Brasil fez com que o país tivesse um desempenho medíocre num estudo do Banco Mundial (Bird) realizado com 14 países em desenvolvimento sobre o impacto do crescimento econômico na redução da pobreza. Em média, a cada 10% de crescimento do PIB per capita desses países, a pobreza caiu 17%. No Brasil, esse percentual foi de 9%. Por aqui, a pobreza diminuiu numa proporção menor do que o aumento da renda média.

?Isso se explica pela extrema desigualdade do país. Um por cento da população detém 15% de toda a riqueza gerada e metade dela fica na mão de apenas 10% da população. O Brasil é o mais desigual de todos os países estudados?, diz Naércio Menezes-Filho, professor da USP e do IBMEC e responsável pelo estudo no Brasil junto com a economista Ligia Vasconcellos.

Segundo ele, os principais motivos para que a pobreza não caia num ritmo maior são as deficiências do país na educação, na infra-estrutura e na saúde. De acordo com o estudo do Bird, a desigualdade do país cairia entre 35% e 50% caso fossem eliminadas as disparidades na educação.

?Sem esses itens os avanços chegam menos para os pobres. O país cresceu e os pobres se beneficiaram disso, mas não tanto quanto os ricos?, diz o economista, acrescentando que se todos os estados brasileiros crescessem de forma igual, a pobreza cairia menos nos mais desiguais.

O melhor desempenho de redução da pobreza com desenvolvimento econômico foi o do Vietnã, onde a pobreza caiu 50% em nove anos com reduções de até 7,8% ao ano. El Salvador, Uganda, Gana, Índia e Tunísia também tiveram bom resultado, com queda média de 3% a 6% ao ano. Outros países pesquisados foram Bolívia, Burkina Faso, Senegal, Bangladesh, Zâmbia, Indonésia e Romênia, sendo que esses três últimos tiveram pouca ou nenhuma redução da pobreza.

No Brasil, a queda média da pobreza foi de 1% ao ano entre 1981 e 2001. Nesse período, o número de pessoas com renda de até R$ 65 por mês (consideradas pobres) caiu de 33% para 25% da população. Nesses 20 anos, enquanto a renda cresceu 30% (a média passou de R$ 193 por mês para R$ 251), a redução da pobreza teve um resultado inferior: queda de 24%.

O estudo atesta que os índices de pobreza variam muito de uma região a outra do Brasil. Entre 1970 e 1999, a incidência de pobreza no Nordeste caiu de 90% para 30% (60 pontos percentuais). Nas regiões metropolitanas, a pobreza caiu de 52% para 20% no mesmo período, uma redução de 32 pontos percentuais. 

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