Auto-suficiência será atingida só em 2006

A esperada auto-suficiência brasileira na produção de petróleo foi adiada por mais um ano. De acordo com o diretor-financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o Brasil só produzirá a mesma quantidade de petróleo que consome em 2006, e não mais em 2005, como a Petrobras acreditava em 1999.

Rio (AE) – De acordo com Gabrielli, o adiamento foi provocado pelo atraso na construção de cinco plataformas de produção que entrariam em operação nos próximos dois anos na Bacia de Campos. Na revisão do planejamento estratégico para o período entre 2003 e 2007, divulgada ontem, a Petrobras reduziu a estimativa de produção em 2005 de 1,9 milhão para 1,82 milhão de barris por dia.

Quando elaborou a primeira versão, na gestão Henri Philippe Reichstul, a estatal estimava que o consumo de petróleo estaria em 1,9 milhão de barris em 2005 e seria, portanto, atendido plenamente pela produção nacional. Com o atraso na construção das plataformas, porém, esta marca só será atingida em 2006.

Em 2007, diz o documento, a Petrobras estará produzindo 2,22 milhões de barris por dia para um consumo nacional de 2,01 milhões de barris. Para atingir a meta projetada para 2007, a estatal terá um crescimento anual de 8% em sua produção de petróleo.

Impasse

Duas das plataformas de produção cujas obras estão atrasadas, P-43 e P-48, protagonizam um imbróglio envolvendo a Halliburton, empresa que era dirigida pelo vice-presidente americano, Dick Cheney. A multinacional não cumpriu o cronograma de obras e acusa a Petrobras de provocar o atraso ao fazer modificações no projeto. As duas empresas negociam uma saída para o impasse, que pode culminar com o pagamento de multa milionária por uma das partes.

Os sucessivos adiamentos na licitação das plataformas P-51 e P-52 para inclusão de um compromisso de compras no Brasil também contribuíram para a redução da meta de produção em 2005. Gabrielli disse, porém, que o início da produção no campo de Jubarte e a ampliação do campo de Marlim Sul, ambos na Bacia de Campos, compensarão “em parte” os atrasos.

Gás

O novo planejamento estratégico da Petrobras descarta novos investimentos na área de geração elétrica, que deu um prejuízo de R$ 1,5 bilhão à estatal no ano passado. Segundo Gabrielli, a empresa planeja investimentos de US$ 500 milhões apenas para terminar os projetos já iniciados.

Além disso, outro US$ 1,2 bilhão será gasto na ampliação da malha de gasodutos no País. O planejamento estratégico prevê um crescimento anual de 11,3% no consumo nacional de gás natural sem contar com a possível redução do preço do produto importado em negociação com o governo boliviano.

O diretor de Abastecimento da estatal, Rogério Manso, disse que a empresa planeja entrar no mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, onde atua apenas nos setores comercial e industrial. “Isso pode ser feito a partir de uma associação, parceria ou até de aquisição, mas nada foi discutido no conselho de administração ainda”, informou.

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