Os preços do petróleo recuaram ontem pelo terceiro dia seguido e já acumulam uma queda de cerca de 10% das altas recordes recentes com a decisão da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) de aumentar sua produção e com a divulgação de bons níveis de estoque de combustível nos Estados Unidos. O barril do petróleo do tipo cru leve negociado para entrega em julho, em Nova York, caiu US$ 0,79 (-2%), cotado a US$ 38,49.

Os representantes da Opep reuniram-se na quinta-feira, na capital libanesa, e decidiram aumentar a produção em 2 milhões de barris, a partir de 1.º de julho, e outros 500 mil, em 1.º de agosto.

Paralelamente, os Emirados Árabes informaram na quarta-feira que vão colocar mais 400 mil barris diários de petróleo neste mês. Essa produção suplementar complementará outros 700 mil barris diários que a Arábia Saudita decidiu ofertar, mesmo antes da reunião do cartel. Na verdade, os dois países são os únicos integrantes da organização que têm grande capacidade de produção extra.

Tal iniciativa contribuiu para tirar um pouco de pressão sobre o óleo, que nas últimas semanas vinha saindo das bombas para ser vendido a preços recordes sucessivos.

Também animaram o mercado os números de reserva de combustível dos EUA, divulgados anteontem. Os estoques de petróleo cresceram na semana passada em 2,8 milhões de barris, para um pouco mais de 300 milhões. Já as reservas de gasolina, observadas com atenção durante o pico da demanda de verão, subiram 1,3 milhão de barris, para 204,3 milhões.

Imposição americana

O mundo terá que se adaptar ao petróleo caro, afirmou ontem o ministro de Energia e Minas da Venezuela, Rafael Ramírez, pouco antes de deixar Beirute, onde aconteceu a reunião da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo). Ele disse que o mundo está pagando o preço da política exterior de Washington no Oriente Médio, principalmente no Iraque.

A administração norte-americana “está tomando uma série de decisões, cujo custo está sendo pago pela economia mundial”, disse o ministro venezuelano.

Limitações

Contudo, Ramírez advertiu que o “ouro negro” não é uma matéria-prima como as outras. “O petróleo não é uma commodity. É um recurso natural que se esgota. E quando se esgotam as capacidades, não há nada que possa ser feito”, alertou.

Ele disse que a situação no Iraque está afetando até a Arábia Saudita – um país que nunca havia sido atingido.

De acordo com o ministro, os países mais ricos, principalmente os Estados Unidos e alguns asiáticos, deveriam modificar seu sistema de produção e consumo ao invés de pedir petróleo barato.

“Há algumas economias – e não me refiro tanto à Europa e sim à economia norte-americana e à asiática – tremendamente ineficientes, e todas as nossas reservas de petróleo não seriam suficientes para abastecer sua maneira de produzir e de consumir”, disse Ramírez.

Para ele, está chegando o momento, no mundo, em que os consumidores terão que racionalizar seu consumo.

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