Aumento médio de 24% nos preços de papel preocupa, diz Abigraf

O aumento médio de 24% nos preços de papel aplicado pela Suzano Papel e Celulose desde o início deste mês de fevereiro foi seguido por toda a indústria, revelou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional), Levi Ceregato. Segundo ele, as altas atingiram as linhas de cut size, off set, couché e cartão. A alta, no entanto, passa a ser questionada pelos clientes. Analistas que cobrem o setor de papel e celulose, consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, também começam a duvidar do sucesso da implementação dos ajustes, diante do questionamento desses clientes.

Em novembro do ano passado, a Suzano informou que a partir de fevereiro aplicaria um aumento de 24,3% no papel cut size e de 23,8% no off set. A empresa também havia falado da intenção de elevar os valores em papel cartão, mas não confirmou o porcentual. O papel revestido seria o único, conforme falado na época, a não ter ajustes diante da estratégia de competição com o mercado internacional.

Procurada, a Suzano confirmou os aumentos em cut size e off set. Em papel cartão, a empresa também informou que foi realizado o ajuste, mas não informou os valores.

Diante dessa alta acima da registrada em 2015, que havia sido de 12%, a Abigraf enviou carta aos dirigentes da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e Associação Nacional dos Distribuidores de Papel (Andipa) manifestando a preocupação do setor gráfico com as altas. “Teve aumento de mão de obra, de energia elétrica, de insumos químicos e agora fomos surpreendidos por esse aumento da indústria de papel”, disse Ceregato, que complementou: “Nós estamos no Brasil, com produção e comercialização aqui. Se começar a referenciar tudo pelo dólar, entraremos em uma espiral inflacionária muito alta”, disse.

Sobre a possibilidade de importação de produtos pela indústria gráfica, Ceregato disse que fica difícil, pois o Imposto de Importação é de 15%, além do impacto da desvalorização cambial. “Nessa queda de braço com os fabricantes de papel, a gente não tem como fazer prevalecer a lei de oferta e procura”, comentou.

Procurada, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) disse que não comenta aumento de preços. Já a Andipa informou, em nota, que entende que, como na celulose e nas demais commodities, o preço do papel pode oscilar conforme o câmbio e o mercado internacional. O ponto principal, no entanto, está no porcentual de reajuste. “Ainda que represente a diferença represada no preço do papel, consideramos que o aumento agora é preocupante e trará impactos significativos a todos os segmentos usuários do papel”, informou a associação, em nota.

Segundo a Andipa, o aumento do preço pode agravar as dificuldades enfrentadas pelos distribuidores e importadores independentes. “A Andipa tem alertado que poderá haver concentração de oferta e esta sim levaria ao descontrole de preços que tira competitividade da indústria gráfica e editorial no País.” De acordo com a Andipa, o papel couché, por exemplo, tem apenas um fabricante nacional, com capacidade de suprir em torno da metade da demanda. “Dependendo do fornecedor estrangeiro para garantir o pleno abastecimento, o mercado enfrenta práticas de preços predatórios e os altos encargos sobre o papel importado. Estes problemas afetam todos os segmentos da cadeia do papel.”

De acordo com dados da Ibá, referentes ao acumulado de janeiro a dezembro de 2015, as vendas domésticas de papel somaram 5,453 milhões de toneladas, um recuo de 4,6% na comparação com 2014. O maior volume, de 1,773 milhão de toneladas, foi para o mercado de embalagens, com queda de 0,9% ante o ano anterior. Na sequência aparece imprimir e escrever, com 1,552 milhão de toneladas, recuo de 11,5%. As vendas no mercado brasileiro de papel cartão atingiram 507 mil toneladas, queda de 5,9%.

Já as importações caíram 31,4% em todo o ano passado na comparação com 2014, com 866 mil toneladas. Em imprimir e escrever, a queda foi de 41,8%, para 336 mil toneladas; em imprensa, baixa de 27,6%, para 212 mil toneladas; e em embalagens, recuo de 6,6%, para 57 mil toneladas. A importação de papel cartão foi pequena, de 48 mil toneladas, uma baixa de 2%.

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