De acordo com o professor de finanças da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), Fabio Gallo Garcia, o aumento do salário mínimo – mesmo a proposta mais baixa, de R$ 545, encampada pelo governo – trará impactos sobre a política de combate a inflação, pois deverá aumentar o consumo e o crédito.
“Naturalmente, com o aumento do salário mínimo, os empréstimos consignados devem crescer, o que é preocupante na perspectiva dos tomadores desse tipo de crédito, principalmente os aposentados”, afirma o professor, lembrando que, segundo dados do próprio Governo Federal, para cada R$ 1 de aumento do salário mínimo, o impacto nos gastos governamentais é de R$ 300 milhões.
“Temos 47 milhões de aposentados e trabalhadores ativos que recebem o salário mínimo. Em dezembro de 2010, a Previdência desembolsou algo como R$ 10 bilhões só com seus aposentados e pensionistas, e isto com base no salário de R$ 510,00”.
Para Gallo, o governo deveria tomar mais medidas para reduzir o gasto público. “O governo anunciou um corte da ordem de R$ 50 bilhões, afetando custeio e investimentos que ainda não saíram do papel, sem mexer no PAC. O problema é que ainda não está claro como esses cortes serão efetivados, se haverá apenas contingenciamento ou cortes efetivos. Para conseguir algo efetivo deve reduzir a sua estrutura e esse desafio somente seria possível com revisão de cargos públicos, revisão de contratos, revisão de pagamentos efetuados”.