Aumento do IOF e volatilidade externa levaram à elevação dos juros, diz BC

Brasília – A volatilidade do mercado externo e o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) são alguns dos motivos que levaram à elevação das taxas de juros em janeiro, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Ele lembrou que a volatilidade externa contribuiu para o maior custo de captação de recursos pelas instituições financeiras ? de forma preventiva, elas elevaram a expectativa de risco. Com isso, subiu o spread (diferença entre o que os bancos pagam  para captar e o que cobram para emprestar), responsável por boa parte do lucro dos bancos.

De acordo com o BC, o spread em janeiro ficou em 13,7 pontos percentuais para empresas, em 36,6 pontos percentuais para pessoas físicas e 25,7 pontos percentuais no total. Em dezembro, esses valores eram de 11,9; 31,9 e 22,3 pontos percentuais, respectivamente. ?A elevação do IOF também é incorporada ao spread e isso levou a uma elevação na taxa média do sistema, de 3,5 ponto percentual, concentrada em sua maioria no crédito às famílias", informou Lopes.

Outro fator apontado pelo diretor é que em janeiro as famílias buscam mais o crédito devido à necessidade de recursos para pagar tributos ? o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ? e aos gastos com material e matrículas escolares. Ele também citou o fato de a concessão de crédito consignado, uma modalidade mais barata, ter sido interrompida por um período em janeiro, o que levou as famílias a optarem por uma modalidade mais cara, a do cheque especial.

"Quando se tem aumento na demanda, incorporando inclusive novos agentes cuja avaliação de risco nem sempre é conhecido, as taxas se elevam", disse. A do cheque especial ficou em 145%, em janeiro e a do crédito consignado, em 29,3% ao ano.

As famílias, acrescentou, foram as mais afetadas porque "as empresas têm uma redução no movimento operacional em janeiro, após a alta substancial do fim do ano". Mas para Altamir Lopes não há motivo de preocupação quanto ao endividamento das famílias. Ele lembrou que é de 12% a participação do crédito à pessoa física no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país): "É o maior patamar já observado, mas ainda é baixo. Isso também não preocupa, porque a inadimplência tem-se mantido estável já há algum tempo?.

Apesar do aumento nas taxas de juros, em janeiro o volume de crédito subiu 0,9% em relação ao mês anterior e 27,9% no período de 12 meses, atingindo R$ 944,2 bilhões. Para pessoas físicas e empresas, as taxas de 48,8% e de 24,7% ao ano, respectivamente, são as maiores desde abril de 2007, quando chegaram a 38,1% e a 25,3% ao ano.

Lopes afirmou que somente a partir de março ou abril será possível avaliar se as taxas de juros continuarão em alta no semestre, tendência que se mantém em fevereiro: até o dia 14, os juros médios aumentaram 1,1 ponto percentual (0,6 ponto percentual para empresas e 1,8 ponto percentual para pessoas físicas).

O Banco Central também registrou ampliação dos prazos de financiamento: pela primeira vez desde o início da série histórica, em 2000, o prazo médio contado em dias corridos ultrapassou o tempo de um ano e chegou a 369.

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