São Paulo
e Rio -Represado desde 30 de junho último, o preço dos combustíveis deve ser reajustado antes do fim do ano. Segundo técnicos do setor, a defasagem acumulada nos últimos meses é de 12% nas refinarias, o que equivale a um aumento em torno de 6% para os consumidores. Mas, de acordo com fontes do setor, o governo tem em mãos um estudo que aponta para a necessidade de um reajuste de 29% nas refinarias, o que levaria a um impacto de 12% na bomba.Não bastasse isso, ontem os produtores de álcool começam a subir suas tabelas em 21,97%, o que provocará aumento de R$ 0,04 no litro da gasolina, que tem uma mistura de 25% do produto.
O presidente da Federação Nacional do Comércio Varejista (Fecombustíveis), Gil Siuffo, confirmou que diversos revendedores já foram informados pelas distribuidoras do aumento do álcool. Em julho, o produto era vendido a R$ 0,42 o litro e hoje custa em torno de R$ 0,70. Ou seja, 66,6% a mais. Com o reajuste de ontem, o produto dobraria de preço em quatro meses.
O aumento da gasolina seria necessário para corrigir a defasagem de preços acumulada pela Petrobras nos últimos quatro meses, devido à disparada das cotações do dólar e da alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional. A Petrobras admite que precisa subir seus preços, mas se nega a comentar percentuais e datas de reajuste. Segundo fontes do setor petrolífero, no entanto, o aumento poderia ser dado nos próximos dias.
O presidente Fernando Henrique Cardoso teria se comprometido com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a eliminar a defasagem de preços nos combustíveis até o fim deste ano para garantir à empresa que comece 2003 com equilíbrio de caixa.
O especialista em energia Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), acredita que seja exagerado o percentual de 29% para o aumento da gasolina. Segundo ele, se esse percentual fosse aplicado, os preços da Petrobras nas refinarias, sem a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide), subiriam 60%. A Cide é um tributo federal.
– Nem a alta dos preços do produto no mercado externo nem a desvalorização cambial justificam um aumento tão alto – afirmou o especialista.
Pelos cálculos de Rodrigues, o reajuste suficiente para equiparar os preços da gasolina da Petrobras aos internacionais seria de 12% a 13%.
O reajuste da gasolina, segundo fontes, pode ser feito de uma só vez ou em parcelas. O que estaria sendo analisado é o impacto nos índices de inflação. Um executivo que acompanha o assunto disse que, independentemente da fórmula escolhida, o governo ainda aposta na queda do dólar, o que diminuiria a pressão sobre os custos da Petrobras.