Aumento da gasolina é quase certo

O mercado continua apostando que a Petrobras anuncie hoje novos reajustes dos combustíveis. “Existe a possibilidade de ser anunciado um novo aumento, já que continua a defasagem em relação ao barril de petróleo, que está acima da casa de U$ 30. Outro motivo é o final de governo, que deve zerar todas as pendências para não deixar nada para o próximo presidente”, disse ontem Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná).

Ele conta que na semana passada a Shell e a Petrobras recomendavam aos revendedores a compra de um volume maior de combustível para estocar, em virtude da alta de 9% a 14% nos preços. “Seria péssimo a Petrobras anunciar isso amanhã (hoje) para subir à zero hora de segunda-feira, porque os postos ficariam desabastecidos”, comentou Fregonese.

Ele aguarda com cautela a política do novo governo em relação ao setor. “O fato de terem aprovado a Cide (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico) de R$ 0,86 me preocupa. Ao mesmo tempo que resolve o problema interno, conseguindo cotar o petróleo não mais no preço internacional, frustra-se a expectativa de importação de derivados com a predisposição de aumentar o tributo para acumular mais US$ 5,5 bilhões de dólares de receita”, ressaltou. “Na verdade, vamos virar coletores de impostos e onerar o consumidor”, queixa-se. O litro da gasolina, que hoje custa R$ 0,66 na refinaria, tem mais R$ 1,20 só de impostos. Com a elevação da Cide, seriam R$ 1,61 somente de impostos (sendo R$ 0,75 de ICMS).

O preço do diesel também está defasado. Neste caso, a diferença chega a 14,57%. Apesar da queda do dólar desde os últimos ajustes – de R$ 3,616 para cerca de R$ 3,50 -, a crise política na Venezuela provocou uma tendência de alta nos preços dos combustíveis no mercado norte-americano, que depende fortemente das importações daquele país.

O preço da gasolina no Golfo Americano, por exemplo, subiu de US$ 0,1946 para US$ 0,2382 no último mês, levando em conta a cotação de 24 de dezembro. O diesel subiu de US$ 0,1946 para US$ 0,2303.

Petrobras justifica alta do gás

São Paulo

(AG) – A Petrobras justificou os aumentos programados de quase 30% sobre os preços do gás natural importado da Bolívia a partir de 1.º de janeiro com a aplicação das cláusulas contratuais entre as companhias. Segundo o diretor de gás e energia da estatal, Antônio Luiz de Menezes, serão repassados os aumentos dos custos represados durante todo o ano de 2002 referentes ao transporte do insumo, que tem parte atrelada ao dólar.

– O que está sendo reajustado trimestralmente é a parcela do preço da commodity – disse Menezes.

Ele disse que ainda não fez os cálculos do repasse de todos os custos represados, mas afirmou que deve chegar próximo a um reajuste de 30% no preço atual, “que valerá para todas as distribuidoras atendidas pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), igualmente”. Para o gás nacional, do qual a Petrobras é a única transportadora no mercado doméstico e que teoricamente tem o preço livre desde 2002, a estatal diz que vai aplicar a fórmula da portaria interministerial 003, publicada em conjunto pelos ministérios da Fazenda e Minas e Energia, a pedido do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

– Estamos aplicando essa fórmula que já teve seu prazo vencido em dezembro de 2000, a pedido do conselho, em acordo com o governo – disse Menezes.

Essa fórmula deve chegar a um aumento de cerca de 27% nos preços praticados hoje, afirmou o diretor da estatal. Na semana passada, os distribuidores de gás, que compram o insumo da Petrobras, ficaram surpresos diante do comunicado do reajuste de até 30%. Empresas como a Comgás projetavam índices de 7% a 8% no insumo.

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