As kitinetes e os apartamentos de um quarto de Curitiba tiveram uma explosão nas locações em junho, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR). A instituição atribui a mudança à proximidade do período de férias, quando a capital paranaense costuma receber uma grande quantidade de novos moradores, que chegam para estudar ou trabalhar. Como a oferta continua insuficiente, a grande procura resultou em aumento de preços: o metro quadrado das kitinetes ficou 6,82% mais caro, em relação a maio. A variação foi a maior na lista de imóveis residenciais.

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De acordo com o Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), órgão que faz os levantamentos, o índice de locação sobre oferta desse tipo de imóvel aumentou significativamente entre junho de 2009 e o mesmo mês deste ano: de 13,9%, a taxa passou para 19,4%. O aumento mostra que o fenômeno não é apenas sazonal.

Segundo o diretor da área de Locação do Secovi-PR, Roberto Gonzaga, a mudança nos índices de junho tem relação direta com o número cada vez maior de faculdades em Curitiba. “Os vestibulares de inverno atraem muitos estudantes de fora”, conclui. Ele lembra que esse público sempre chega às imobiliárias procurando kitinetes e apartamentos de um quarto.

Como resultado, unidades desses tipos estão começando a ficar escassas, puxando os preços para cima. “O mercado está muito apertado”, diz Gonzaga. Ele mostra que, em 12 meses, a variação dos preços superou em 6,7% o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que é o mais utilizado em contratos de locação. Em junho, o valor de locação das kitinetes ficou em R$ 14,25 por m2, superando em quase 4% a média do ano, de R$ 13,71 por m2.

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Se a oferta já vem sendo escassa, os números de lançamentos deste ano demonstram que o panorama pode até piorar, no futuro. Os dados mostram que foram lançadas 2.095 unidades em empreendimentos verticais de janeiro a maio, em Curitiba. Desse total, apenas 259 eram apartamentos de um quarto. Não houve lançamento de nenhuma kitinete. A maioria (86%) dos apartamentos eram de dois ou três quartos. “Já vale mais a pena, às vezes, alugar um apartamento de dois quartos do que uma kitinete ou apartamento de um quarto”, sugere Gonzaga.

Legislação

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Gonzaga observa que outro fator está facilitando, este ano, as locações: as recentes mudanças na legislação que rege o assunto tornaram mais simples as aprovações de cadastros – que normalmente eram mais restritivas quando o locador, ou o seu fiador, não tinham imóveis na mesma cidade para oferecer como garantia. “As restrições estão acabando em função das novas regras. Mesmo que o cadastro não seja exatamente como a imobiliária gostaria, a lei possibilita ao locador entrar em juízo com 30 dias de inadimplência. A liminar [para o despejo] já sai em outros 30 dias”, explica.