A abertura de capital nunca atraiu tantas empresas brasileiras como nos últimos tempos. Foram 26 estréias na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em 2006, contra nove em 2005 e sete em 2004. Em 2003, nenhuma empresa lançou papéis na Bolsa. ?Até 2003, ao longo de 12 anos, apenas seis empresas abriram capital?, comparou o superintendente-executivo de Relações com Empresas da Bovespa, João Batista Fraga.
Neste início de ano, o ritmo segue ainda mais acelerado. Desde janeiro, sete empresas já lançaram papéis na Bolsa. A última foi a GVT, empresa-espelho de telefonia fixa com sede em Curitiba, que fez sua estréia na sexta-feira.
?Pelo lado das empresas, houve maior interesse em mercado de capitais, com a Bovespa e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) atuando no sentido de melhorar o produto ?ações?, com maior transparência das informações e alinhando interesses dos acionistas?, apontou Fraga. ?Do lado dos investidores, existe interesse dos estrangeiros pelo Brasil. Há um potencial de crescimento.?
Um fenômeno importante é que a abertura de capital deixou de ser restrita a megaempresas. ?Em 2004 e 2005, o faturamento médio das empresas que estreavam na Bolsa era de R$ 1,9 bi por ano. Em 2006, o faturamento médio caiu para R$ 600 milhões, o que comprova que companhias menores também estão abrindo capital?, apontou Fraga.
Para empresas que desejam lançar papéis na Bolsa mas têm faturamento ainda menor, Fraga sugere o Bovespa Mais, que é moldado à semelhança do novo mercado e permite a entrada de companhias menores, com faturamento de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões por ano. Segundo ele, a procura pelo ingresso de novas companhias na Bovespa ocorre nos dois sentidos. ?Tanto procuramos como somos procurados. Realizamos atividades tentando captar a atenção das empresas. Os empresários vêem que é uma boa alternativa e começam a se interessar.?
Quanto ao tempo que se leva entre decidir se lançar no mercado de ações e de fato se ingressar pode variar entre seis meses e dois anos, de acordo com o superintendente-executivo da Bovespa. ?A empresa precisa se preparar, transformar-se numa companhia aberta e alcançar níveis de governança corporativa. Se ela for Ltda (limitada) e não tiver auditoria externa, leva mais tempo?, comentou.
Paraná tem cerca de 12 mil investidores pessoas físicas
Quinta maior praça de investidores – atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul -, o Paraná contava no mês passado com 12.145 investidores pessoas físicas. O volume é quase 60% maior do que o de um ano atrás. ?Temos feito um trabalho de popularização, com palestras principalmente em universidades, e com programas como o ?Mulheres em Ação?, o ?Bovespa vai à Praia?. Também temos participado de feiras?, comentou o assessor de Relações Institucionais da Bovespa, José Roberto Mubarack. A Bovespa assumiu a Bolsa de Valores do Paraná no final de 2005.
Segundo Mubarack, o Paraná tem grande potencial de investidores. Um dos desafios, porém, é fazer com que o mercado de ações seja mais conhecido. ?A percepção do mercado de capitais pelo investidor ainda é pequeno?, reconheceu. Para quem mora fora de Curitiba, um dos principais problemas é a ausência de corretoras de valores habilitadas a negociar na Bovespa. É que as quatro corretoras instaladas no Paraná – Aureum, Omar Camargo, Oliveira Franco e Petra – estão concentradas na capital. Filiais de outras corretoras que atuam no Paraná – Concórdia, Fator, Gradual, HSBC, Planner e Tov – também optaram pelo mercado curitibano.
Acima de R$ 3 mil
A diretora da corretora Aureum, Adriana Dalcanale, indica o investimento na Bolsa para valores acima de R$ 3 mil, porque a corretagem é menor: de 0,5%. Para investimento entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil, a corretagem é de 1% e, abaixo de R$ 1,5 mil, 2%. O investidor deve ainda pagar uma taxa que varia entre R$ 2,49 e R$ 25,21, dependendo do valor do investimento, além de emolumentos (remuneração da Bovespa) de 0,035%.
Segundo Adriana, é cada vez maior o interesse das pessoas pelo mercado de capitais. ?Todo mundo procura uma renda maior. A poupança não é mais a coqueluche; tem muita gente comprando ações e isso aguça a vontade de outros?, comentou.
Para quem não sabe em quais companhias investir em 2007, a Aureum aposta naquelas da área de infra-estrutura, como Gerdau; de concessões rodoviárias, como CCR e OHL Brasil; as de construção civil, como Gafisa, Tecnisa e Duratex; de siderurgia, como Usiminas e Eternit; e de logística, como América Latina Logística (ALL). Adriana ainda lembra que ações de empresas que acabaram de abrir seus capitais, a exemplo da Positivo Informática e GVT, tendem a alcançar alta liquidez em 2007. (LS)