O número de pedidos de seguro-desemprego no Estado do Paraná cresceu 2,91% no primeiro semestre de 2002 em relação ao mesmo período de 2001. Foram 172.755 solicitações nos seis meses iniciais deste ano contra 167.857 no ano passado, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Considerando somente os atendimentos feitos pela rede de postos e agências da Sert e Sine/PR (Sistema Nacional do Emprego), também houve aumento em igual período, de 1,82% – de 156.197 para 159.054.
Para o coordenador do seguro-desemprego da Sert, Luiz Alberto Scotti, “o crescimento é mínimo e não significa crescimento de desemprego”. “O aumento de requerentes de seguro não é diretamente proporcional ao desemprego, mas por causa da rotatividade de mão-de-obra no Paraná”, considera. Segundo ele, a tendência natural das empresas é demitir mais à medida que cresce o volume absoluto de contratações. “Se num mês há 2 mil admitidos e mil que saem, o crescimento é de mil postos. Havendo 20 mil admissões e 19 mil demissões, continua o crescimento de mil postos, mas um maior número de pessoas pode requerer o seguro-desemprego devido ao turn over”, exemplifica.
Em valores absolutos, os pagamentos do seguro-desemprego no Paraná passaram de R$ 149,77 milhões, no primeiro semestre de 2001, para R$ 187,88 milhões em igual período de 2002. Isso significa um aumento nominal de 25,45%, influenciado pelo aumento do valor e do número de parcelas. O valor médio das parcelas do benefício passou de R$ 240,25 para R$ 270,77 do primeiro semestre de 2001 para 2002, fazendo a média mensal de pagamentos no Estado saltar de R$ 24,96 milhões para R$ 31,31 milhões.
Porém como o benefício é vinculado ao salário mínimo médio do período (R$ 165,50 em 2001 e R$ 190,00 em 2002), o aumento real dos valores pagos é de 1,45%. Scotti aponta ainda a ampliação do mercado de trabalho formal (trabalhadores com carteira assinada) como justificativa para o acréscimo dos pagamentos. O maior número de pedidos de seguro-desemprego está no setor de serviços. “É a área com maior rotatividade e maior quantidade de mão-de-obra no estoque”, cita.
Apesar do incremento dos pedidos de seguro-desemprego nesse ano, ele salienta que os números estão menores que no comparativo de 2001 com 2000, quando houve incremento de 9,8% nas solicitações – de 293.414 para 322.109. “Hoje vivemos a época da empregabilidade. Quem produz, não esquenta cadeira. Por isso, os níveis de desemprego também estão diminuindo”, acentua.
Trabalhadores
O economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) concorda que é possível aumentar a demanda por seguro-desemprego em decorrência da elevação da rotatividade, sem que isso represente expansão do desemprego. “Mas na conjuntura atual observamos que o desemprego tem aumentado de fato e vem pressionando a busca do seguro-desemprego”, afirma Cordeiro.
Com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, ele mostra que a taxa de rotatividade no mercado formal paranaense está em queda neste ano: nos meses de junho, o indicador era 3,40% em 1999, 3,47% em 2000, 3,71% em 2001 e 3,07% em 2002. Ou seja, três pessoas em cada cem empregadas com carteira mudaram de empresa no Paraná em junho desse ano. “Como essa taxa já é alta, a redução é um bom resultado; mas o seguro-desemprego vem aumentando em função da dificuldade de encontrar emprego”, comenta.