Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Norberto Sampaio, da Unafisco: talvez o clima esteja tenso.

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Auditores fiscais da Receita Federal em Foz do Iguaçu decidiram ontem, em assembléia, suspender a greve que já dura quase dois meses. A decisão foi isolada, uma vez que os auditores do restante do Paraná e de todo o País definem apenas na próxima quinta-feira, dia 6, se colocam ou não fim à paralisação. Ontem, representantes de 72 delegacias sindicais – somando mais de 220 servidores – estiveram reunidos em plenária em Brasília para avaliar o texto da medida provisória publicada no Diário Oficial da União (DOU), que prevê o reajuste salarial médio de 34% à categoria.

?O que vale para o Brasil todo é o conjunto de decisões. Se Foz resolveu pôr fim à greve, foi uma decisão isolada deles?, afirmou o presidente da Unafisco Sindical (sindicato que representa a categoria) em Curitiba, Norberto Sampaio, que estava ontem em Brasília participando da plenária e desconhecia a decisão tomada por auditores da delegacia de Foz. ?Eles demoraram uma ou duas semanas para aderir à greve. Talvez o clima lá esteja tenso.?

Em Foz do Iguaçu atuam 66 auditores da Receita. De acordo com o presidente da Unafisco Sindical do município, Robson Ferreira, a decisão de suspender a greve até a próxima quinta-feira foi unânime. ?Entendemos que o que foi publicado (no Diário Oficial) não atende as reivindicações da categoria, mas avaliando o quadro atual, não há possibilidade legal de o governo atender a qualquer nova solicitação?, afirmou Ferreira. Segundo ele, porém, conforme a decisão que será tomada no próximo dia 6, em âmbito nacional, os auditores de Foz podem rever a decisão.

O presidente da Unafisco Sindical negou que a volta ao trabalho tenha relação com pressões por parte dos caminhoneiros. Na semana passada, a Federação Nacional dos Caminhoneiros Autônomos (Fenacam) resolveu intervir na situação dos cerca de 1.400 caminhoneiros que aguardavam liberação das cargas em Foz do Iguaçu. A entidade entrou com um mandado de segurança coletivo na Justiça Federal da cidade pedindo a liberação de todos os caminhões que aguardavam a fiscalização além do tempo usual, que é de no máximo dois dias. O documento protocolado na Justiça é baseado no princípio constitucional de que a interrupção de serviço público não pode prejudicar a atividade econômica.

Superávit minimiza impacto

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A greve nacional dos auditores fiscais exerceu ?pouca influência? negativa sobre o superávit da balança comercial, que em junho, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, somou US$ 4,082 bilhões. A afirmação é do presidente nacional do Sindicato dos Auditores Fiscais (Unafisco), Carlos André Nogueira.

O resultado superou em 34,8% os US$ 3,028 bilhões registrados em maio e ficou acima do teto das projeções dos analistas do mercado, que era de US$ 3,5 bilhões. De acordo com o presidente da Unafisco, a greve dos auditores não explica sozinha a queda do superávit da balança há algumas semanas como também não justifica o retorno. ?A greve tem um impacto muito limitado sobre o resultado da balança comercial?, define Nogueira, acrescentando que 85% de todas as exportações e importações feitas pelo País são desembaraçadas sem qualquer tipo de fiscalização, contam com o benefício do instrumento conhecido no meio como ?canal verde?.

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De acordo com Nogueira, o que passa pelo crivo dos auditores fiscais é apenas 15% a 20% do volume nacional de comércio exterior e que, em algumas regiões, este percentual é até menor. ?E não tínhamos mesmo nenhuma intenção de prejudicar ninguém com a nossa greve. O que queríamos era a criação de uma tabela de plano de carreira?, diz o presidente da Unafisco.