A paralisação dos cem funcionários da empresa Manserv que trabalham na Bosch, em Curitiba, poderá ter uma solução amanhã (24), em uma audiência de conciliação marcada para 15h30, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR), em Curitiba. Os funcionários decidiram parar no último dia 15, alegando mau uso do Plano de Participação nos Lucros e Resultados (PPLR) nos últimos três anos.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Montagens, Manutenção e Prestação de Serviços nas Áreas Industriais do Estado do Paraná (Sindimont-PR), que representa os funcionários, ao invés do PPLR ser aplicado como ferramenta de gestão e incentivo da produtividade, ele está servindo de intrumento de assédio moral.
“As metas determinadas pela empresa são abusivas e contrariam diversos aspectos da legislação e dos acordos coletivos. Atualmente, a Manserv coloca na planilha de desempenho os gastos com indenizações trabalhistas, responsabilizando os funcionários pelos problemas gerados pela própria empresa”, denuncia o advogado do Sindimont, André Passos. Segundo os trabalhadores, mesmo com metas questionáveis, em 2009 os funcionários atingiram todos os resultados, porém não receberam. “Foi o ano em que o setor sentiu os reflexos da crise, e a Manserv alegou que não tinha tido lucro, por isso o pagamento não foi efetuado”, recorda o dirigente do Sindimont e funcionário afastado da empresa, Gilmar Carlos Lisboa.
No ano passado, os funcionários deixaram de atingir apenas um dos quesitos (frequência), mas eles alegam que isso não foi cumprido porque a empresa descontou as faltas justificadas. “Prova disso foi que em agosto do ano passado foi paga uma parte do PPLR, na faixa entre R$ 250 e R$ 300, conforme o salário. Contudo, na folha de pagamentos deste mês, não veio o restante e a alegação foi a frequência”, lamenta Lisboa. Na folha de pagamento de março, segundo o Sindimont, deveriam ser depositados entre R$ 1mil e R$ 1,2 mil.
Na audiência desta quinta-feira (24), o Sindimont pretende avançar sobre o cumprimento do pagamento e retirar as cláusulas irregulares do PPLR. “Se a empresa acordar uma indenização devido aos últimos dois anos e retirar essas cláusulas ilícitas, a greve acaba”, garantiu o advogado.
A Bosch, no final da tarde, emitiu um comunicado esclarecendo que não contratou empresas para substituir as atividades realizadas pela Manserv em sua unidade fabril em Curitiba. Contudo, a empresa ressaltou que está acompanhando as negociações da Manserv com o Sindimont e, caso seja necessário, irá avaliar a necessidade de contratar temporariamente outras empresas prestadoras de serviço de forma a assegurar a integridade das operações prioritárias de sua planta.