A atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação à polêmica em torno da floresta Amazônica foi alvo do megainvestidor e filantropo George Soros, em Davos, na Suíça. Num jantar tradicional do Fórum Econômico Mundial, na noite de quinta-feira, 23, ele avaliou que continua a ocorrer uma “catástrofe humanitária” na América Latina. Também anunciou que doará US$ 1 bilhão para uma rede que terá com foco o combate ao autoritarismo e ditadores no mundo.

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Sobre a Venezuela, citou que quase 5 milhões de venezuelanos haviam imigrado de seu país levando uma “tremenda perturbação” aos vizinhos. “Ao mesmo tempo, Bolsonaro não conseguiu impedir a destruição das florestas tropicais no Brasil, com o objetivo de abri-las para a pecuária”, apontou.

O bilionário destacou que o momento atual é uma marca de transformação na história. “A sobrevivência das sociedades abertas está ameaçada e enfrentamos uma crise ainda maior: a mudança climática. Está ameaçando a sobrevivência de nossa civilização”, considerou no discurso.

Para ele, é improvável que os resultados correspondam às expectativas das pessoas. “Isso já causou desapontamento generalizado que os políticos populistas exploraram para seus próprios propósitos.”

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As palavras de Soros foram carregadas de rispidez, de acordo com relatos de presentes. Principalmente quando mencionou Bolsonaro, o presidente americano Donald Trump, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o ex-primeiro ministro italiano, Matteo Salvini. O discurso, de um modo geral, tinha o clima como fio condutor, o mesmo tema que norteou as discussões do Fórum.

A cooperação internacional era a esperança predominante. Inclusive a dele, como observou, que acabou sendo frustrada. Até porque, segundo Soros, as potências mais fortes – Estados Unidos, China e Rússia – permaneceram nas mãos de possíveis ou reais ditadores e os grupos de governantes autoritários continuaram a crescer.

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Ele citou ainda o Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia, o avanço do nacionalismo na Índia e as ações “impetuosas” de Trump, que aumentaram o risco de uma conflagração no Oriente Médio.

O presidente americano foi chamado de vigarista e narcisista máximo, que “deseja que o mundo gire em torno dele”. “Quando sua fantasia de se tornar presidente se tornou realidade, seu narcisismo desenvolveu uma dimensão patológica”, atacou.