A economia do Nordeste recuou 1,5% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo o Boletim Regional divulgado nesta segunda-feira, 9, pelo Banco Central (BC). O resultado, de acordo com o documento, refletiu o quadro desfavorável dos indicadores de confiança, associados, em parte, a eventos não econômicos, e os efeitos do ajuste macroeconômico em curso no país no decorrer de 2015.
Mesmo assim, aponta o BC, a atividade econômica da região registrou retração menor do que a observada em nível nacional (3,8%) conforme indicam as variações anuais do Produto Interno Bruto (PIB) de suas principais economias – Bahia, -3,2%, Pernambuco, -3,5%, e Ceará, -3,5% -, estimadas pelos entes públicos de pesquisas econômicas de cada estado.
A análise na margem, em especial os recuos menos acentuados nas vendas do comércio e na produção da indústria, sugere acomodação da atividade econômica nordestina no início de 2016. Nesse contexto, o IBCR-NE permaneceu estável no trimestre terminado em fevereiro, em relação ao trimestre findo em novembro, quando registrou retração de 1,5%.
As vendas do comércio ampliado do Nordeste decresceram 2,3% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando haviam recuado 4,3%, nesse tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE.
Houve reduções em nove dos dez segmentos pesquisados (equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 13,3%; móveis e eletrodomésticos, 7%). Excluídas as variações nas vendas de veículos (-2,5%) e de material de construção (-1,2%), o comércio varejista da região retraiu 3,3% no período (-1,1% no trimestre terminado em novembro).
Considerados períodos de doze meses, as vendas do comércio ampliado variaram -10,9% em fevereiro, ante -8,2% em novembro (equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, -24,7%; veículos, motocicletas, partes e peças, -18%).
As vendas do comércio varejista diminuíram 7,7% e 5,5%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação. O volume do setor de serviços da região diminui no período de 2015 (serviços profissionais, administrativos e complementares, -16,7%; outros serviços, -7,0%), segundo a PMS, do IBGE.
A análise em doze meses mostra contração de 5,9% em fevereiro, em relação a igual período de 2015 (serviços profissionais, administrativos e complementares, -11,7%; outros serviços, -6,1%).
Norte
A atividade econômica na Região Norte do Brasil voltou a registrar desempenho negativo no trimestre encerrado em fevereiro de 2016, segundo revela o Boletim Regional. De acordo com o documento, a trajetória foi determinada, em parte, por recuos nas atividades varejista e industrial, em ambiente de confiança reduzida dos agentes econômicos. Nesse cenário, influenciado pelo impacto de eventos não econômicos, o IBCR-N recuou 2,1%, em relação ao trimestre finalizado em novembro, quando declinou 1,6%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados.
Considerados períodos de doze meses, o indicador recuou 3,7% em fevereiro e 2,3% em novembro. As vendas do comércio ampliado do Norte recuaram 1,7% no trimestre finalizado em fevereiro, em relação ao encerrado em novembro, quando diminuíram 3,1%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE.
Destacaram-se as reduções no Amazonas (4,5%) e Pará (3,4%). Excluídas as vendas de materiais de construção e de veículos, peças e motocicletas, o comércio varejista da região retraiu 4,1% no período (-0,9% no trimestre encerrado em novembro).
Considerados períodos de doze meses, as vendas do comércio ampliado, em trajetória declinante há oito meses consecutivos na mesma base de comparação, recuaram 10,3% em fevereiro (Amapá, -16,7%; Tocantins, -15,6%; Amazonas, -11,9%), ante retração de 7,5% em novembro. As vendas do comércio varejista reduziram 6,7% e 4,0%, respectivamente, nos mesmos períodos de análise.
Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves na região, indicador de venda de veículos novos, recuaram 1,8% no trimestre finalizado em março, em relação ao terminado em dezembro, quando retraíram 13,6%, de acordo com dados dessazonalizados da Fenabrave.
Os emplacamentos reduziram 26,4% no intervalo de doze meses até março, período em que as vendas de ônibus e caminhões diminuíram 42,2%, totalizando 5,9 mil unidades.
Centro-Oeste
A atividade econômica no Centro-Oeste cresceu 0,3% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo o IBCR-CO divulgado dentro do Boletim Regional pelo BC. A economia local foi impulsionada pelo início da colheita das safras de verão, compensando as trajetórias adversas de indicadores relacionados à indústria de transformação, à construção civil e ao comércio.
Foi neste contexto que o IBCR-CO aumentou 0,3% em relação ao trimestre finalizado em novembro, quando recuou 1,4%, na mesma base de comparação. Considerados períodos de doze meses, o indicador recuou 2,7% em fevereiro (-2,1% em novembro).
As vendas do comércio ampliado na região diminuíram 1,9% no trimestre finalizado em fevereiro, em relação ao encerrado em novembro, quando decresceram 5,4%, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE.
Destacaram-se as retrações observadas em Goiás (2,9%) e no Distrito Federal (2,4%). As vendas do comércio varejista, excluídas as de automóveis, motos, partes e peças, e de material de construção, diminuíram 3,2% no trimestre finalizado em fevereiro, ressaltando-se os recuos em Goiás (4,5%) e no Distrito Federal (4,4%), ante a retração de 1,9% no trimestre encerrado em novembro de 2015.
Considerados intervalos de doze meses, as vendas no comércio ampliado decresceram 12,9% em fevereiro (-11,0% em novembro), ressaltando-se as reduções em Goiás (16,0%), no Distrito Federal (12,6%) e em Mato Grosso (12,0%). As vendas do comércio varejista recuaram 7,8% no período, destacando-se a redução de 10,7% em Goiás.
A análise segmentada das vendas conjuntas do Distrito Federal e Goiás, únicos entes federados da região para os quais são divulgadas informações por atividade, mostra que as vendas de móveis e eletrodomésticos; materiais de construção; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuaram 8,5%, 4,8% e 4,7%, respectivamente, no trimestre encerrado em fevereiro, com dados dessazonalizados.
Sul
A atividade na Região Sul do País avançou 0,5% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo o Banco Central. Embora tenha mostrado avanço no período em análise, a economia do Sul segue em processo de retração, repercutindo os impactos de eventos não econômicos e o ajuste macroeconômico em curso no país.
Nesse cenário, persiste a moderação das operações de crédito e a distensão no mercado de trabalho, com reflexos negativos sobre as trajetórias dos principais indicadores da região, especialmente da indústria e do comércio. No trimestre encerrado em novembro, a economia do Sul tinha crescido 1,0%.
Considerados intervalos de doze meses, o indicador contraiu 2,8% em fevereiro (recuos de 1,9% em novembro e de 0,4% em fevereiro de 2015). As vendas do comércio ampliado recuaram 1,6% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao terminado em novembro, quando diminuíram 3,4%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC, do IBGE (móveis e eletrodomésticos, -7,3%; combustíveis e lubrificantes, -1,7%).
As vendas do comércio varejista, excluídas as de veículos (-1,2%) e de material de construção (-1,1%), diminuíram 2,0% no trimestre (-2,2% no encerrado em novembro). Considerados intervalos de doze meses, as vendas do comércio ampliado decresceram 11,7% em fevereiro (-9,7% em novembro). Houve redução nas vendas em nove das dez atividades pesquisadas(automóveis, -23,7%; móveis e eletrodomésticos, -12,0%; tecidos, vestuário e calçados, -9,3%). As vendas do comércio varejista recuaram 5,4% e 3,3% nos períodos mencionados.
As vendas de automóveis e comerciais leves novos na região totalizaram 87,9 mil unidades no primeiro trimestre do ano e 429 mil unidades no intervalo de doze meses encerrado em março, de acordo com a Fenabrave, recuando, na ordem, 28,2% e 33,2%, em relação a iguais períodos em 2015. A atividade do setor no Sul recuou 3,7% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação a igual período de 2015, segundo a PMS do IBGE.