A inflação no varejo deve voltar a acelerar no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de setembro, estima Salomão Quadros, superintendente adjunto de Índices Gerais de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Depois de atingir 0,05% em agosto, e 0,44% em julho, ele cita que alguns produtos cujos preços têm aderência do câmbio podem continuar pressionando o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M). Além disso, acrescenta, os preços dos alimentos tendem pressionar o indicador, após uma fase de queda forte.
Porém, acredita que essa influência da desvalorização cambial não deve ser substancial, por conta da atividade fraca. “Deve ocorrer de forma modesta, porque o último estágio da cadeia, que é o consumidor, está enfraquecido. A demanda está bem contida, mas algum repasse deve acontecer”, diz, ao referir-se à nova rodada de alta do dólar para uma marca acima de R$ 4,00 recentemente.
Quadros cita que alguns itens como pão francês já estão captando os impactos da desvalorização cambial este ano por conta das incertezas. Em agosto, o pãozinho teve alta de 2,17% após 2,37% em julho. A variação da farinha de trigo também perdeu um pouco de força para 4,67% depois de 5,99% em julho.
No IPC de agosto, o economista cita que a pressão em energia diminuiu em razão da ausência de aumentos das distribuidoras. “Mas é muito difícil não aparecer novos reajustes. E isso deve pressionar o IPC-M. Além disso, o grupo Alimentação deve elevar o índice. A queda do segmento de hortaliças e legumes já vem perdendo força, passou de -21,45% em julho para -10,12% em agosto. No IPA Índice de Preços ao Produtor Amplo, também há alguns alimentos que estão caindo menos. O IPC deve ter alta, mesmo sem expectativa de quebra de safra”, avalia.
Em contrapartida, a gasolina ficou 0,48% mais barata depois de ceder 0,43% em julho, enquanto o etanol teve declínio de 4,27% na comparação com recuo de 1,95% em julho.