Num resultado que, na avaliação da entidade, esfria a expectativa de reação no fim deste ano, o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), registrou queda de 0,9% na passagem de setembro para outubro, com ajuste sazonal.
Ao divulgar o resultado, o departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp anunciou a expectativa de queda de 9% do indicador neste ano. Nos últimos 12 meses, o INA acumulou variação negativa de 9,6%. Na comparação de outubro com o mesmo período de 2015, a queda foi de 8,9%.
Entre as variáveis consideradas na pesquisa, o Total de Vendas Reais caiu 1,9%, sendo a principal influência do desempenho negativo do mês passado. O levantamento, feito desde 1975 pela Fiesp, mostra ainda queda de 1% nas horas trabalhadas na produção, mas um ligeiro aumento de 0,2 ponto porcentual do nível de utilização da capacidade instalada da indústria paulista.
Na análise dos resultados da pesquisa, Guilherme Moreira, gerente do departamento, considerou que os números indicam que o setor “não tem o mesmo fôlego”. Para 2017, a projeção é de recuperação, com crescimento de 1,2% do INA, mas o gerente pondera que ainda há muita incerteza no horizonte, como o ainda alto patamar dos juros.
Um dos destaques negativos do balanço foi o setor de minerais não metálicos, cujo indicador de atividade mostrou queda de 2,1% em outubro, na comparação com setembro que desconta efeitos sazonais. As indústrias de alimentos e de bebidas também tiveram queda, de 2,1% e 2,5%, respectivamente.
Na contramão, o INA da indústria farmacêutica avançou 0,6% na passagem de setembro para outubro, enquanto o setor têxtil teve alta de 3,4% e a indústria química avançou 1,2%.
Sensor
A pesquisa Sensor, feita também pela Fiesp, subiu de 48,2 pontos, em outubro, para 49,1 pontos em novembro, já descontando os efeitos sazonais. Apesar do crescimento, o indicador, abaixo dos 50 pontos, ainda indica queda da atividade industrial e, na avaliação da Fiesp, mostra que há sinais de “perda de fôlego” na confiança do empresariado nos últimos meses.
Conforme o departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, a confiança parece estar “sob reavaliação” após dar sinais de reação com a mudança de governo e o ciclo de ajuste de estoques. A retomada da indústria deverá ser “lenta e gradual”, de acordo com a entidade.
As elevadas taxas de juros para empresas e consumidores, combinadas à piora no mercado de trabalho, são citadas pela instituição entre os fatores que vão limitar a retomada da atividade econômica.