Atividade da construção imobiliária cai 0,6% em abril ante março, diz Tendências

O índice de atividade da construção imobiliária (IACI) registrou queda de 0,6% em abril ante março, de acordo com dados livres de efeitos sazonais do Monitor da Construção Civil (MCC), composto por um conjunto de índices elaborado em parceria entre a Tendências e a NeoCriactive. Na comparação com abril de 2015, o índice recuou 7,2%. Com esse resultado, a atividade de construção imobiliária mostra queda de 9,7% no acumulado em 12 meses.

A contração no indicador reflete o momento de ajuste entre oferta e demanda, afirmou a economista da Tendências e especialista na construção civil, transporte e logística, Mariana Oliveira. Para ela, após um período de expansão do setor que durou até 2012, a demanda passou a se enfraquecer e, hoje, a queda acelerada das vendas de imóveis inibe investimentos em novos projetos.

O nível persistentemente elevado de estoques de imóveis tende a ser um limitante adicional a novos lançamentos neste ano. Entre outros obstáculos para novos empreendimentos, foram citados a manutenção dos baixos patamares de confiança e a deterioração nos mercados de trabalho e crédito.

Lançamentos

Os lançamentos, que são apurados com defasagem de dois meses em relação aos demais índices do MCC, apresentaram queda de 32,3% em fevereiro ante janeiro, na série dessazonalizada. Na relação anual, contra fevereiro de 2015, houve perda de 51,2%. Já na média de 12 meses, a contração acumulada foi de 31,1%.

“É difícil pensar numa recuperação mais sustentada da atividade”, afirmou a especialista. Em geral, entre o lançamento e o início de obras, há um período de um ano e meio. Por isso, a falta de lançamentos tende a mostrar um impacto com algum tempo de diferença no mercado. “Estamos vivendo o efeito da retração de lançamentos do começo de 2015”, explicou Oliveira, da Tendências.

No entanto, parte da atividade da construção pode ser retomada devido a obras que foram paralisadas anteriormente, por causa da falta de confiança e do cenário econômico recessivo. Ela lembrou ainda que o indicador de lançamentos tende a ser mais volátil que o da atividade, por causa de particularidades como diferentes estratégias comerciais.

Residencial

A atividade da construção no segmento residencial registrou leve redução de 0,1% em abril ante março e queda de 6,3% na comparação anual. O total de obras residenciais apresentou queda de 9,3% na média móvel em 12 meses. No quadrimestre, o índice também apresentou retração, de 3,0%.

Dentre os diferentes tipo de obras no segmento residencial, o estudo apontou como destaque positivo a atividade da construção imobiliária popular, a Habitação de Interesse Social (HIS). Essa linha de projetos acumulou alta de 0,9% na média dos últimos 12 meses até abril.

A alta reflete especialmente o movimento de lançamentos do programa Minha Casa Minha Vida de um tempo atrás, explicou Oliveira. A especialista explicou ainda que em outros segmentos, como de médio padrão, há uma maior dependência de linhas de financiamento com recursos da caderneta de Poupança, que vem sofrendo com saques líquidos contínuos, restringindo a oferta de crédito.

Apesar do ganho em 12 meses, o indicador de habitação popular vem mostrando deterioração nos últimos resultados. A queda na média do primeiro quadrimestre foi de 18,8% ante os quatro meses anteriores, considerando termos dessazonalizados. Na comparação com abril de 2014, a baixa chegou a 19,0%, enquanto a atividade teve perda de 3,0% na relação mensal.

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