Principal aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional, o PMDB condicionou ontem seu apoio à gestão petista a uma mudança nos rumos da política econômica. “Se ao longo do tempo o governo não atender a nenhuma dessas ponderações, faço um parêntese para dizer que não acredito que não vá atender, mas se não houver esse atendimento, é claro que não há razão para apoio partidário”, afirmou o presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP).
Em um documento assinado pela Executiva Nacional, o partido cobra “ousadia do governo para romper os obstáculos que constrangem o crescimento da economia”. “É inaceitável o discurso de incompatibilidade entre controle de inflação e crescimento econômico. Sem crescimento, é praticamente impossível a redução da pobreza e a melhoria na distribuição de renda”, diz o texto.
O documento foi divulgado após uma reunião da bancada e de dirigentes da sigla, como o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Após o encontro, Quércia se reunirá com o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Também participaram do encontro os economistas Luiz Gonzaga Beluzzo e Ernesto Lozardo.
“Nós do PMDB temos a responsabilidade de exigir que o governo tenha coragem e faça o país voltar a crescer”, disse Quércia.
Após ajudar o governo a aprovar as duas principais reformas do primeiro ano de gestão – tributária e previdenciária -, o PMDB assumiu os ministérios das Comunicações e da Previdência Social, em janeiro último. No Congresso, a sigla contabiliza 20 senadores – incluindo o presidente do Senado, José Sarney (AP) – e 78 deputados – segunda maior bancada.
“O apoio partidário não está amparado em cargos que o governo dê ao PMDB, mas em programas que o PMDB patrocina no governo”, disse Temer.
Críticas
O documento do PMDB lista sete sugestões de ajustes na política econômica:
redução da carga tributária sobre a pequena e média empresa; – correção da tabela do Imposto de Renda de pessoa física; – redução ordenada da taxa de juros, com esforço para redução do “spread” bancário; – definição clara de programa de investimentos em infra-estrutura; – estímulo às grandes multinacionais a aumentar as exportações; – fazer com que as multinacionais assumam o compromisso de reinvestir parte do lucro na produção destinada à exportação; – eliminação da tributação sobre investimentos no setor de bens de capital.