Até mesmo o governo já não tem dúvidas: o Copom – na reunião que começou ontem e termina hoje – vai mesmo manter a taxa de juros em 16% ao ano. O movimento de pressão que existia em determinados setores do Planalto, para que o comitê reduzisse a taxa, acabou perdendo força com os indicadores positivos da economia apontados nas duas últimas semanas. O governo também considera que, para nova redução, é preciso desanuviar o clima de guerra no Congresso e aprovar projetos importantes, como a nova Lei de Falências e as Parcerias Público-Privadas.
O governo acredita que, só depois de 3 de outubro, dia do primeiro turno das eleições municipais, terá condições mais claras para votar um projeto de peso no Congresso. Só após essa data voltaria a haver uma expectativa de redução da Selic na cúpula do governo. Essa expectativa, porém, dependerá do comportamento da inflação, que deu sinais de alta nos últimos meses.
Mais: a temporada eleitoral, que entrou numa fase importante ontem com o início do horário gratuito no rádio e na TV, não recomenda alteração no juro, de acordo com a visão da cúpula do governo.
No mercado financeiro, o que se discute agora é como se comportará a taxa daqui para a frente. O petróleo em níveis elevados no mercado internacional pode acabar em reajustes dos preços internos dos combustíveis. E, se a inflação for ameaçada, o BC poderá optar por elevar as taxas de juros para deter a alta dos preços.
Para o departamento de estudos econômicos do Bradesco, “reduções da taxa Selic devem ser retomadas somente no 1.º trimestre do próximo ano”.