economia

Até diretor-geral da PF faz ‘lobby’ por exceções

Pressionado a conceder mais exceções, o relator da proposta de reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) não escapou nem mesmo do “lobby” do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra. Responsável por comandar investigações contra vários políticos, entre eles, o próprio relator, que foi um dos alvos da lista do ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF), Daiello entrou em campo para negociar regras mais brandas para os policiais. E conseguiu. Ainda assim, os policiais querem mais.

A pressão por mais mudanças continua nos bastidores e parte, inclusive, de grupos que já foram beneficiados com regras mais brandas, como os policiais. O relator já modificou o texto para estabelecer idade mínima de 55 anos para a categoria, sem necessidade de pagar o “pedágio” de 30% sobre o tempo de contribuição que falta hoje para a aposentadoria. Trata-se da melhor condição entre todas as que foram colocadas no texto. Ainda assim, os policiais querem mais.

“Se continuar assim, serão aposentados antes de tomar posse”, ironizou uma fonte que participa das negociações. Há ainda outras categorias que pretendem “surfar” na regra mais benéfica, como os policiais legislativos, que fazem a segurança do Congresso Nacional e têm salário inicial próximo a R$ 17 mil. O Estado presenciou uma das vezes em que os policiais legislativos encurralaram Arthur Maia no Salão Verde da Câmara para pedir regras mais brandas.

Por ora, o relator diz que não pretende ceder à pressão da categoria. Outros integrantes da comissão e interlocutores do governo no Congresso já admitem que Maia deve ceder, mas “na hora certa”. O relator tem resistido a fazer muitas concessões em um mesmo dia, para não passar a impressão de que está desfigurando a reforma.

Transição. A regra de transição causou dor de cabeça ao relator. Segundo relatos, foi tão difícil escrever o texto dela na PEC que chegou-se a pensar em estabelecer que a proposta não trouxesse a transição escrita e estabelecesse que a regra seria definida em lei complementar. Técnicos e integrantes da equipe econômica, porém, não aceitaram as ideias. Disseram que estabelecer a transição em uma lei complementar traria instabilidade à reforma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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