Até agosto BC comprou mais dólares do que em 2005

Brasília (AE) – As compras de dólares pelo Banco Central (BC) chegaram a US$ 4 bilhões em agosto. O valor foi bem maior do que os US$ 1,291 bilhão em moeda estrangeira que ingressaram na economia durante todo o mês passado. ?É o terceiro mês em que isto se repete?, disse o economista Guilherme Loureiro, da Consultoria Tendências. Na opinião de Loureiro, isso deixa claro que o BC está mesmo interessado em atuar para conter a valorização do real frente ao dólar.

O total comprado pelo BC no mercado desde o início do ano é de US$ 22,9 bilhões, mais do que os US$ 21,5 bilhões adquiridos ao longo de todo o ano passado. O número, entretanto, ainda está abaixo do fluxo de US$ 26,912 bilhões que entrou no País desde o começo de 2006. ?É difícil conter a valorização do câmbio justamente porque o fluxo ainda é muito abundante?, disse Loureiro. No ano, até hoje, o real acumula valorização frente ao dólar de aproximadamente 7,4%.

O aumento do apetite do BC por moeda estrangeira, na visão de operadores do mercado, pode também está relacionado ao anúncio feito na última segunda-feira de que o programa de recompra de títulos da dívida externa conduzido pelo Tesouro Nacional passará a abranger os papéis com vencimento em 2012. ?Pode ser que o BC esteja comprando mais dólares em função da necessidade de recomprar mais títulos da dívida?, comentou um operador.

Importações

O BC registrou, ao mesmo tempo, um crescimento das compras de dólares para o pagamento de importações. Só em agosto, o valor adquirido com este objetivo chegou a US$ 8,554 bilhões, maior patamar já registrado desde o início da série histórica do BC, em 1982. ?O crescimento está vinculado ao próprio aumento das importações e ao processo de valorização do real frente ao dólar?, disse Guilherme Loureiro.

Mesmo assim está abaixo dos US$ 9,1 bilhões das importações efetivamente feitas ao longo do mês passado. Para os próximos meses a tendência de aumento da demanda por câmbio pelos importadores deverá se manter. ?Ainda faltam cerca de US$ 30,5 bilhões para chegarmos aos US$ 89 bilhões de importações efetivas esperadas para este ano?, comentou Loureiro. Com as exportações ainda em alta, o dado não chega a ser motivo de preocupação, na opinião do economista.

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