Ataques da Fazenda teriam BC como alvo

Os ataques aos “terroristas fiscais” disparados ontem pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, embora endereçados a “alguns analistas” e à “oposição”, miram o Banco Central. A Fazenda não gostou nem um pouco do tom do relatório de inflação, divulgado na sexta-feira passada pelo Banco Central, que chama a atenção para o impacto inflacionário das medidas fiscais (aumento de gastos e desonerações) adotados pelo governo para enfrentar a crise.

O foco dos ataques é o diretor de Política Econômica, Mário Mesquita, responsável pela explicação do relatório. Para o mercado, Mesquita passou a mensagem de que haverá aumento das taxas de juros ainda no primeiro semestre de 2010, como indicou, por exemplo, o banco JP Morgan.

A reação do BC foi na mesma intensidade, mas em outra direção: uma crítica à postura excessivamente defensiva do Ministério da Fazenda. Por essa leitura, a equipe da Fazenda diz que o melhor seria não divulgar informações sobre o impacto do aumento dos gastos porque o mercado traduz como uma mensagem de descontrole da inflação e consequente aumento das taxas de juros. “O Ministério da Fazenda e o mercado estão errados”, disse uma fonte financeira.

Na visão do Banco Central, a Fazenda erra quando fica na defensiva e entra no discurso de negar que a expansão fiscal gera inflação. Seria o mesmo que o BC negar que o movimento de queda da taxa de juros (a Selic foi reduzida em 5 pontos porcentuais desde setembro do ano passado) provoca inflação. “Não se pode negar o óbvio. Não precisa mentir. Não precisa fazer rolo”, disse essa fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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