Rio (AE) – A desaceleração na taxa do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de junho para julho (de 0,67% para 0,17%) foi causada principalmente pelas elevações menos intensas em preços agrícolas (de 1,66% para 0,45%) e industriais (de 0,88% para 0,08%) no atacado, no mesmo período. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Ele comentou que não há somente um motivo para a taxa menor em julho do indicador – que foi beneficiado por uma ?combinação favorável de fatores?, na análise do coordenador. ?Essa taxa de 0,17% é uma taxa anormalmente baixa. O que houve foi uma combinação onde tudo foi favorável, ou quase tudo?, afirmou o economista. Ele informou que, entre os três setores pesquisados para cálculo do IGP-DI, que são o atacado, o varejo e a construção civil, o primeiro foi o grande responsável pela desaceleração na taxa do indicador.
O Índice de Preços no Atacado (IPA) representa 60% do total do IGP-DI, e passou de 1,06% para 0,17%, de junho para julho. No setor agrícola no atacado, os destaques de desaceleração e queda de preços ficaram por conta das commodities, como soja (de 4,20% para -0,47%) e trigo (de 3,98% para 1,27%) – além de desaceleração nos alimentos processados (de 2,27% para 0,52%).
Já no setor industrial, três segmentos no atacado impulsionaram a desaceleração de preços industriais: metais, combustíveis e insumos industriais. De acordo com Quadros, os metais não-ferrosos passaram de alta de 7,29% para queda de 4,42%, de junho para julho. Houve, ainda, desaceleração no setor siderúrgico: os preços no setor de ferro, aço e derivados passaram de alta de 2,68% para aumento de 0,96%, no período. No caso dos combustíveis, os preços no setor continuam em deflação, embora menos intensa (de -0,68% para -0,04%). Por fim, o economista citou quedas de preços em vários produtos usados como insumo na indústria, como resinas (de 1,46% para -3,58%) e cloreto de potássio (de 3,14% para -1,56%), de junho para julho.
Agosto
O próximo resultado do IGP-DI, que será referente a agosto, deve ficar ?um pouco acima? da taxa registrada em julho, na análise de Salomão Quadros. O economista comentou que, em julho, houve uma combinação de quedas e desacelerações de preços simultâneas em vários segmentos no atacado – uma combinação que dificilmente se repetirá esse mês. ?Acho difícil reproduzir todos os fatores favoráveis (de julho) em agosto, de novo?, considerou.
Carne
O preço da carne bovina já está subindo no atacado e pode se refletir no varejo ao longo de agosto. Segundo Quadros, no âmbito do IGP-DI, o preço da carne bovina dianteira passou de queda de 3,01% para elevação de 3,65%, de junho para julho. No mesmo período, o preço da carne bovina traseira passou de queda de 4,70% para alta de 3,82%. Isso levou ao fim da deflação nos preços dos bovinos (de -1,44% para 2,31%), de junho para julho.
