O setor atacadista distribuidor está em alta no País, impulsionado pelos pequenos e médios varejistas. Eles, por sua vez, crescem junto com o poder de compra da classe C.
Se, em 1992, o atacado respondia por 31% do mercado, a estabilização da economia deu condições para o segmento atingir mais da metade (52%) do total. Só no ano passado, o setor cresceu 4,1% e atingiu um faturamento de R$ 131,8 bilhões no País.
Este ano, a expectativa é de avançar mais 6%. Mas nem tudo são flores: os empresários têm reclamado das diferenças em impostos como o sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada estado, que inviabilizam muitos negócios e enfraquecem alguns segmentos.
A animação no setor é visível em eventos como a Convenção Anual do Atacadista Distribuidor e a Sweet Brazil International, promovidas pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) e pelo Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado do Paraná (Sinca-PR) e que estão acontecendo em Pinhais, até amanhã.
Os dois eventos, realizados no mesmo local, devem atrair um público recorde de cerca de 35 mil pessoas. O movimento é tanto que chegam a faltar reservas nos hoteis de Curitiba e região.
O presidente da Abad, Carlos Eduardo Severini, diz que a mudança de hábito dos brasileiros, depois da estabilização da economia, permitiu o avanço dos atacadistas.
Ele lembra que, em épocas de inflação galopante, os consumidores procuravam fazer a compra do mês no que recebiam seus salários. Para isso, procuravam supermercados de maior porte que, como compram em grande quantidade, costumam negociar diretamente com os fabricantes.
Como a mudança no comportamento levou as pessoas a comprarem em menor quantidade, mas várias vezes por mês, aumentou a procura por lojas menores e normalmente mais próximas das residências.
“E quem abastece essas lojas pequenas e médias são os atacadistas distribuidores”, explica o presidente do Sinca-PR, Paulo Hermínio Pennacchi. Ele lembra que, no Paraná, o setor também ganhou um bom impulso depois da minirreforma tributária, promovida no ano passado, que reduziu o ICMS de vários itens.
O empresário Gumercindo Santos Junior, que tem uma rede de supermercados de porte médio em Curitiba e no Interior de São Paulo, e também uma empresa atacadista, confirma a tendência cada vez maior dos consumidores procurarem lojas menores.
Ele afirma que a concorrência com os hipermercados é difícil: “Eles têm muito poder de barganha, já que fazem negócios muito grandes”, diz. Porém, ele frisa que os atacadistas, cada vez mais profissionalizados, já conseguem fazer compras mais volumosas, que permitem a cobrança de preços mais competitivos.
Guerra
Para atrair possíveis compradores, vale tudo. Uma marca de preservativos, por exemplo, está promovendo verdadeiras festas em seu estande, com DJs, bar e até performances de pole dance.
A guerra entre três das maiores fabricantes de cachaça do País também é visível: instaladas em estandes próximos, há preparo de coqueteis e clima descontraído e às vezes até sofisticado, talvez numa tentativa de atrair um público mais exigente.