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Ata repete que cenário básico envolve fatores de risco em ambas as direções

O Banco Central voltou a afirmar nesta terça-feira, 25, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco “em ambas as direções”.

Por um lado, conforme o BC, “o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”.

Por outro lado, “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.”

De acordo com o BC, este risco ligado ao andamento das reformas “se intensifica no caso de continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes”. Conforme o BC, estes últimos riscos – ligados à frustração com as reformas e ao processo de elevação dos juros em economias centrais – “se elevaram”.

Próximos passos

O Copom reafirmou na ata que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Esta ideia já constou no comunicado do encontro da semana passada do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) permaneceu em 6,50% ao ano. Foi o quarto encontro consecutivo em que a taxa foi mantida neste patamar. “Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente”, disse o colegiado na ata, ao tratar de sua decisão.

O Copom afirmou ainda que entende que “deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica”. “Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva”, acrescentou o BC, em referência aos impactos trazidos pelo choque cambial recente. Os efeitos secundários dizem respeito à propagação do choque a preços da economia não diretamente afetados pelo choque.

“É por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos”, disse o BC na ata. “Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária.”

Reformas

Em outro trecho da ata, o BC voltou a defender a continuidade do processo de reformas e ajustes na economia brasileira, visto como “essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.

Ao mesmo tempo, o BC repetiu na ata uma ideia acrescentada em suas comunicações mais recentes. Sem citar diretamente o debate eleitoral, a instituição alertou que “a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”.

De acordo com o BC, a decisão de manter a Selic em 6,50% ao ano na semana passada “reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019”.

Repasse cambial

A recente disparada do dólar não preocupa o Banco Central. No parágrafo 16 da ata, os diretores da instituição afirmam que, “com exceção de alguns preços administrados, o nível de repasse tem se mostrado contido”. A avaliação ocorre após a escalada das cotações do dólar nas últimas semanas e a consolidação do câmbio no patamar de R$ 4.

Nesse trecho do documento, os membros do Comitê explicam que a avaliação sobre o grau de repasse cambial na economia brasileira ocorreu à luz da estratégia do BC que prevê que a política monetária “deve reagir a choques que produzam ajustes de preços relativos”.

Apesar da percepção de o repasse cambial tem sido contido, o documento pondera que a intensidade desse repasse do dólar para a inflação “depende de vários fatores, como, por exemplo, do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação”. Por isso, o BC diz que “continuará acompanhando diferentes medidas de repasse cambial, inclusive para medidas de inflação subjacente”.

Ainda sobre o repasse de aumento dos preços, o BC reafirma no parágrafo 15 que, diante das expectativas de inflação ancoradas, “eventuais choques que produzam ajustes de preços relativos devem ter apenas seus efeitos secundários combatidos pela política monetária”. Essa posição tem sido firmemente defendida pela autoridade monetária.

Em caso de reação a efeitos secundários, a ata destacou que possíveis movimentos serão simétricos. “Ou seja, a política monetária seguirá os mesmos princípios tanto diante de choques inflacionários (como no caso de choques que produzam depreciação cambial) quanto desinflacionários (como no caso de um choque favorável nos preços de alimentos)”, cita o documento.

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