Ata do BC já considera demanda doméstica robusta

O Comitê de Política Monetária (Copom) mudou a avaliação quanto ao ritmo da economia brasileira e considera que a demanda doméstica deixou o processo de recuperação e já está em um patamar considerado “robusto”. No documento divulgado hoje, os diretores afirmam que “a demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito”. Na ata de abril, os membros do BC citavam que a demanda se recuperava na época e que o crédito estava passando por uma retomada. Soma-se a isso a existência de estímulos fiscais e de crédito decididos nos últimos trimestres que “deverão contribuir para a consolidação da expansão da atividade e, consequentemente, para a redução de qualquer margem residual de ociosidade dos fatores produtivos”.

Os diretores do BC observam, porém, que a evolução desses benefícios “contrapõem-se aos efeitos da reversão de parcela substancial das iniciativas tomadas durante a recente crise financeira internacional, os da mudança de postura da política monetária e os do agravamento da crise fiscal porque passam diversos países europeus”. Juntos, esses fatores são “parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas”, conclui o texto.

Exterior

A ata da reunião de junho do Copom aumentou o tom de preocupação com o cenário internacional, especialmente com os desdobramentos da crise financeira na Europa. “Aparentemente, a percepção de risco sistêmico ressurgiu, alimentada pela visão de que haveria interdependência entre uma eventual consolidação fiscal nas economias que se defrontam com dificuldades nessa área e os balanços de instituições financeiras”, destaca o documento. O texto observa que “o período desde a reunião anterior do Copom foi marcado por deterioração no processo de normalização da atividade nos mercados financeiros internacionais”. Essa piora ocorre especialmente “após a intensificação dos efeitos da crise fiscal em países da Europa, com reflexos na volatilidade dos preços dos ativos”.

Os membros do Copom, porém, avaliam que “até o momento a possibilidade de materialização de um cenário de estresse parece limitada, mas, de qualquer maneira, houve certa moderação na demanda por ativos de risco nos mercados financeiros internacionais”.

Ainda no front internacional, a ata avalia que “as preocupações fiscais tornam a recuperação mais incerta na zona do euro”. O texto cita que, por exemplo, “o consumo das famílias não mostra sinais consistentes de reação, e a retomada econômica tende a ser mais lenta e desigual”. “Em suma, desde a última reunião do Copom aumentou a incerteza quanto à sustentabilidade e ao ritmo da expansão nas economias maduras, principalmente na Europa”.

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