Supermercadistas e fornecedores se reuniram ontem em Curitiba para discutir o fortalecimento da economia regional. O objetivo é encontrar alternativas para a valorização de produtos paranaenses, e conseqüente geração de rendas dentro do Estado. Os conflitos existentes entre os fornecedores e grande redes supermercadistas foi o ponto gerador do encontro.

O presidente da Associação Paranaense dos Fornecedores de Supermercados (Assosuper) – promotora do evento -, Celso Luiz Gusso, disse que o ideal seria um pacto regional, mas inicialmente vai se trabalhar na conscientização dos supermercadistas da necessidade de não concentrar as compras fora do Paraná. Isso passa, segundo ele, pela grandes redes instaladas no Estado – Pão de Açúcar, Carrefour, Sonae e Wall Mart – pois se o Paraná não vender para eles acaba tendo efeito direto na economia. “Eles se instalam na nossa casa e nós não participamos da festa”, comenta, acrescentando que apesar de todos os esforços, ainda existe resistência por parte de alguns grupos, que acaba afetando diretamente as médias e pequenas indústrias. “Se elas não tiveram participação, deixam de vender e não evoluem”, afirmou Gusso.

Outro ponto destacado durante o evento foi a globalização. De acordo com o economista e consultor Luiz Antonio Fayet vem ocorrendo um revolução cultural contra a globalização, “pois os consumidores não querem ser números e sim ter produtos personalizados”. Isso já acontece em grande escala na Europa onde 50% dos produtos ofertados nos supermercados são de origem regional. Ele destaca que aqui a saída seria o pacto regional, quando seria possível oferecer produtos com “a cara e o gosto” do Paraná. O presidente da Assosuper também defendeu essa idéia, acrescentando que há a necessidade de uma mudança de postura. “Senão tudo vira uma empresa automobilística, robotizada”, comparou.

O presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Pedro Joanir Zonta entende que precisa existir um plano de ação para que a regionalização aconteça, acreditando que isso pode ser plenamente possível. Mas destacou que existem setores que não poderão ser totalmente atendidos, como os de perfumaria, higiene e limpeza, que são adquiridos quase que 100% fora do Paraná. O Estado conta hoje com 2.480 lojas com mais de dois caixas, o que significa um supermercado para cada 4 mil habitantes. As redes nacionais e internacional respondem por 40% do faturamento total das lojas.

Dólar

A oscilação no preço do dólar já vem refletindo nas vendas nos supermercados, afirmou Celso Gusso, onde em alguns estados representou um queda de 9,5%. “O consumidor prefere pagar todos as contas, que tiveram alta em função do mercado, e deixam de comprar no supermercado”, disse. Apesar da situação ser negativa, poderia surgir como uma vantagem para as empresas paranaenses de se colocar definitivamente no mercado. “As que não dependem de produtos importados criarem uma distância positiva em relação ou outros produtos, pois falta linhas para importação, e com isso o consumidor criaria o hábito de comprar produtos daqui, criando um efeito em cadeia”, afirmou Gusso.

A alta no preço do dólar só vai começar a refletir nos preços nos supermercados daqui a 60 a 90 dias, afirma o presidente da Apras. Isso irá acontecer, na maioria dos setores, até que os estoques sejam renovados. Os produtos que terão o maior reflexo, segundo Zonta, serão os de panificação. No caso do pão, o trigo representa 20% do custo, e isso deverá ser repassado.

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