A expectativa de um crescimento negativo da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano ganha reforço com os números da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgados nesta quarta-feira, 2, avaliou a economista Camila Alhadeff Monteiro, da ARX Investimentos. Segundo ela, a surpresa com a estabilidade da produção industrial em agosto na comparação com julho e a revisão feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dado do sétimo mês do ano solidificam a expectativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) entre os meses julho e setembro.

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“O número anterior (de julho) foi revisado bem para baixo (de -2% para -2,4%). Isso gera uma piora do carrego estatístico para o crescimento do PIB no terceiro trimestre. Se havia chance de revisão do PIB para cima, a chance se elimina”, avaliou, acrescentando que mantém a expectativa de retração de 0,50% do PIB para o período de julho a setembro de 2013.

A economista diz que cogitava revisar a estimativa do crescimento da economia no terceiro trimestre se o dado da PIM viesse dentro do esperado pela ARX Investimentos, que era de expansão de 0,80% em agosto ante julho. “Mas com essa piora… Não foi nem tanto o resultado, mas a revisão ruim do dado anterior traça um cenário um pouco mais complicado”, afirmou.

Camila, contudo, pondera que os números da produção industrial mostram que a PIM trouxe dados positivos, já que houve melhora na produção da maioria das categorias. Mas a melhora, disse, é insuficiente para indicar uma tendência. Um dos motivos, disse, é que a confiança dos empresários ainda está debilitada. “A confiança está muito deprimida e ainda há a evidência do próprio varejo de que o setor está bastante estocado. É preciso ter melhora da confiança e queda dos estoques para ficar um pouco mais otimista com a atividade. Os investimentos continuam surpreendendo (positivamente), mas a confiança ainda está muito baixa”, disse.

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A estabilidade da produção industrial em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, veio exatamente como mostrava a mediana da pesquisa AE Projeções. No confronto com agosto de 2012, a produção da indústria caiu 1,20%, sem ajuste. A queda veio mais intensa que a mediana do levantamento, que era de recuo de 0,85%.