A despeito do saldo negativo de US$ 8,131 bilhões em outubro ter ficado dentro do esperado pelo mercado, a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour Chachamovitz, avaliou que o resultado só reforça a piora do balanço de pagamentos. O contraponto é que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) ainda está elevado, mesmo com as expectativas de crescimento menor da economia este ano. “O déficit em transações correntes não consegue mais ser coberto pelo IED como já foi no passado. Precisa da conta financeira para ser coberto e, por enquanto, essa conta tem sido positiva”, comentou.

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No entanto, a economista afirmou que a permanência ou não da conta financeira no campo positivo vai depender de como será o novo governo. “Isso é uma incerteza para frente. Mas o mais impressionante é a deterioração da conta corrente”, reforçou.

De acordo com Solange, outra dúvida que surge é em relação ao nível de câmbio ideal para impedir um agravamento ainda maior no déficit das transações correntes. Segundo ela, uma cotação entre R$ 2,55 e R$ 2,65 já poderia trazer uma ajuda à balança comercial. A economista, contudo, ponderou que o País deve enfrentar dois grandes problemas em 2015 que tendem a limitar a melhora esperada para o saldo comercial. Um deles é a queda no preço do minério recente e o recuo de outras commodities que o Brasil também exporta. “Ou seja, o sistema de troca tem piorado muito. Esse câmbio em torno de R$ 2,65 pode não ajudar muito”, avaliou.

O outro ponto, acrescentou Solange, é que se a inflação continuar elevada, a desvalorização vista recentemente não deverá se transformar em uma depreciação real. “Vai depender também do controle da inflação no ano que vem”, considerou.

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De acordo com o Banco Central, as transações correntes tiveram déficit de US$ 8,131 bilhões em outubro. O dado veio dentro do esperado pelos analistas na pesquisa do AE Projeções – de saldo negativo de US$ 8,600 bilhões a US$ 6,600 bilhões, com mediana de déficit de US$ 7,600 bilhões.

Quanto ao IED, o BC informou a entrada de US$ 4,979 bilhões. No levantamento, as projeções eram de US$ 4,000 bilhões a US$ 4,800 bilhões, com mediana calculada em US$ 4,200 bilhões. “O IED tem se mantido nessa toada ao longo do ano, mesmo com estimativa de PIB (Produto Interno Bruto) mais baixo. A questão a se considerar é que se de fato houver um crescimento muito ruim, será que PIB potencial poderá despencar?”, indagou.

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