Foto: Agência Brasil |
Carlos Alberto Barreto. |
Brasília – A arrecadação federal está crescendo ao dobro da velocidade prevista pelo governo. Dados divulgados ontem mostram que, de janeiro a abril deste ano, as chamadas receitas administradas – que se referem somente aos impostos e contribuições e não levam em conta taxas variadas cobradas por órgãos do governo – foram 11,51% maiores, em termos reais, do que o registrado em igual período de 2006 (R$ 187,924 bilhões). A previsão de crescimento embutida no Orçamento é de 5%.
A Receita Federal do Brasil, entretanto, argumentou que esse comportamento deveu-se principalmente ao aumento da lucratividade das empresas no País e que nada garante a preservação desse cenário ao longo do ano. ?Não se pode extrapolar o resultado do primeiro quadrimestre para o ano. A apreciação cambial, por exemplo, poderá afetar os lucros do setor exportador?, afirmou o secretário-adjunto da RFB, Carlos Alberto Barreto. ?Provavelmente, a arrecadação não vai crescer ao ritmo de 11,5% no restante do ano.
Ontem, pela primeira vez, foram divulgados os resultados da arrecadação depois da criação da Super-Receita. Os números tradicionalmente divulgados pela antiga Secretaria da Receita Federal passaram a incorporar os recolhimentos das contribuições previdenciárias. Em abril foram arrecadados R$ 51,051 bilhões. No quadrimestre, o total chega a R$ 188,826 bilhões, considerando a inflação medida pelo IPCA. Desses, R$ 45,931 bilhões correspondem à arrecadação previdenciária.
O Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente nas compras externas de bens engordaram especialmente em função da valorização cambial média de 4,23% no período. No quadrimestre, apresentaram expansões de 18,95% e de 23,63%, respectivamente.
Os desempenhos favoráveis dos setores financeiro, automotivo, metalúrgico e de telecomunicações beneficiaram a arrecadação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), que cresceu 16,51%, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que aumentou 15,22%. O IRPJ foi também favorecido pelo ingresso de R$ 5,5 bilhões, proveniente de declarações de ajuste das empresas que pagam conforme o lucro real.