Argentina usa reservas para pagar FMI

O governo argentino irá usar suas reservas para quitar uma parcela de US$ 303,7 milhões (R$ 832,6 milhões) de sua dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que venceu ontem. Desde 2002 até agora, a Argentina já pagou ao FMI, ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e ao Banco Mundial cerca de US$ 11 bilhões (R$ 30,1 bilhões) com recursos tirados de suas reservas. Desse total, os pagamentos feitos ao FMI chegam a US$ 5,4 bilhões (R$ 14,8 bilhões).

Apesar de todos os pagamentos feitos, a dívida da Argentina com o Fundo não recuou muito. Em dezembro de 2001, o país devia US$ 13,9 bilhões (R$ 38,2 bilhões) contra US$ 13,4 bilhões (R$ 36,8 bilhões) hoje, devido à reavaliação dos DEG (direitos especiais de giro, unidade de conta do FMI baseada em uma cesta de moedas, entre elas o dólar, o euro e o iene) provocada pela alta do euro.

As negociações entre a Argentina e o FMI (estavam suspensas desde agosto de 2004) foram reabertas com a ida do ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, a Washington no início deste mês. O governo argentino pretende firmar um novo acordo com o Fundo para refinanciar uma parte dos pagamentos devidos para este ano, que chegam a cerca de US$ 5 bilhões (R$ 13,7 bilhões).

Mesmo com os vencimentos da dívida argentina que devem ocorrer neste ano, o governo do presidente Kirchner não quer parecer atado a um acordo com o Fundo que lhe imponha condições como a reabertura da troca de títulos com os credores que não aderiram ao plano de renegociação do governo, encerrado no dia 25 do mês passado.

Enfrentamento

O pagamento está sendo feito em clima de enfrentamento entre o Fundo e a Argentina. Na quarta-feira, o presidente Néstor Kirchner refutou recomendações do diretor-gerente do Fundo, Rodrigo Rato, sobre como deve tratar os investidores privados. ?Somos um país independente, que não precisa de seus conselhos?, alfinetou Kirchner.

O presidente Kirchner também foi duro em um discurso no início do mês, quando Lavagna se preparava para ir a Washington. ?Querido amigo (Rodrigo) Rato (diretor-gerente do FMI), tenha claro que a troca não será reaberta?, disse, referindo-se à troca de títulos dos credores.

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