O setor moveleiro argentino, respaldado pelo governo da presidente Cristina Kirchner, conseguiu impor aos empresários brasileiros uma redução de 35% nas exportações ao país vizinho, em relação ao volume vendido em 2008. A porcentagem foi definida após dez horas e meia de discussões em Buenos Aires, durante as quais os empresários moveleiros argentinos tentaram levar a restrição aos móveis brasileiros a mais de 40% do total do ano passado, entre outras exigências que indignaram os produtores brasileiros.
O acordo foi assinado ontem, na sede da Secretaria de Indústria e Comércio, cenário onde hoje transcorrerão as duras negociações dos representantes dos setores brasileiros e argentinos de calçados (setor que acumula uma década de barreiras argentinas contra os calçados brasileiros), laticínios, linha branca, além de freios e embreagens. Tudo indica que o setor de calçados também será forçado a reduzir suas vendas ao mercado argentino.
Os industriais argentinos e o governo Cristina afirmam que a Argentina sofre uma “invasão” de produtos brasileiros. E dizem que, em meio à crise internacional, as empresas locais precisam ser protegidas das “assimetrias” em relação às brasileiras. As barreiras argentinas atingem 14% das exportações brasileiras ao país. Em 2008, o Brasil exportou US$ 155 milhões em móveis de todos os tipos para a Argentina. Mas, em móveis de madeira, as vendas chegaram a US$ 41 milhões. Porém, entre janeiro e março deste ano, o Brasil só pôde vender US$ 16,5 milhões em móveis de todos os tipos.