O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, chega ao Brasil nesta quinta-feira em busca de novos acordos estratégicos para o desenvolvimento industrial, tecnológico e exportador entre os dois países, cujas relações vêm sendo marcadas por recorrentes conflitos comerciais.
Lavagna se reunirá com o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) para tentar amarrar acordos de coordenação macroeconômica e de integração produtiva que ajudem a reduzir as tensões entre os dois principais países do Mercosul, formado ainda por Paraguai e Uruguai.
A Argentina busca mecanismos de emergência para situações específicas, para que as restrições comerciais, quando surgirem, durem pouco tempo e não sejam adotadas de maneira unilateral.
O tom da negociação deve seguir o lema adotado pelos governos dos dois países, segundo o qual “os problemas do Mercosul se resolvem com mais Mercosul”.
O conflito comercial mais recente ocorreu em julho, quando a Argentina anunciou medidas para proteger sua indústria de importações brasileiras de TVs e da chamada linha branca, o que provocou queixas dos brasileiros. Ficou estabelecido então que os dois lados negociarão limitações voluntárias das exportações brasileiras à Argentina.
O secretário argentino da Indústria, Alberto Dumont, disse na sexta, em reunião com líderes da central industrial UIA, que a integração deve ajudar a Argentina a consolidar um perfil industrial. “O processo deve estar a serviço da consolidação de um perfil industrial do país, de acordo com nossas forças competitivas, com a complementaridade e a colaboração dos demais países do bloco.”
O subsecretário de Integração Econômica Americana e do Mercosul, Eduardo Sigal, disse na sexta que “se está trabalhando muito para que no fim do ano tenhamos um novo Mercosul, comercial e institucionalmente consolidado”.
A visita de Lavagna estava prevista para 30 de agosto, mas foi suspensa por causa da visita do diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, que depois esteve no Brasil.
Petrobras
O governo da Argentina está ameaçando cancelar a concessão dos gasodutos que a Petrobras administra no país. Segundo reportagem publicada no jornal argentino “Clarin”, a estatal se nega a aplicar os investimentos necessários para ampliar a capacidade de transporte do gasoduto San Martín, que liga a província de Tierra del Fuego, no extremo sul do país, com a área da Grande Buenos Aires. Nesse contexto, estão em jogo mais de US$ 200 milhões e a possibilidade de que falte gás no próximo inverno argentino. A Petrobras, por sua vez, não quis comentar o assunto.
Segundo o Clarin, as obras, que foram anunciadas em junho, previam a instalação de 349 quilômetros de dutos. Com a ampliação, a capacidade de transporte do gasoduto aumentaria para 2,9 milhões de metros cúbicos diários.
Na ocasião, foi anunciado que o investimento seria financiado por um fundo fiduciário específico. Como isso não aconteceu, o governo argentino exige que a Petrobras arque com toda a despesa.
A Petrobras produz 12% do petróleo e 8% do gás argentino, além de distribuir em seus postos 20% dos combustíveis.