Argentina negocia com o México um acordo de livre comércio

Brasília

  – O Itamaraty recebeu ontem com preocupação a informação extra-oficial de que a Argentina estaria negociando diretamente com o México um acordo de livre comércio, como passo prévio para sua incorporação ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), bloco liderado pelos Estados Unidos. Publicada em um jornal de Buenos Aires, a notícia causou surpresa na diplomacia brasileira porque todos os sócios do Mercosul, inclusive a Argentina, haviam concordado na última semana em negociar em conjunto um tratado com o governo mexicano. A rigor, a iniciativa significaria a ruptura da estrutura de união aduaneira do Mercosul.

Fontes do Itamaraty informaram que a embaixada do Brasil em Buenos Aires deverá ser instruída a questionar o governo argentino sobre a veracidade da notícia, publicada na edição de ontem do jornal Ámbito Financiero. “Se for verdade, será um complicador para o Mercosul e teremos de discutir seriamente”, afirmaram.

A informação chegou quatro dias depois de o Grupo Mercado Comum (GMC), composto pelos principais negociadores dos quatro sócios do Mercosul, ter concordado em realizar um encontro com representantes do governo mexicano, em novembro, para colocar em marcha as discussões de um acordo de livre comércio no formato 4+1. Os próprios presidentes dos países do Mercosul haviam se comprometido com essas negociações em julho.

Durante a reunião do GMC, o secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Martín Redrado, havia informado que seu país discutiria com o México a melhora do seu acordo de preferências fixas (um acerto menos ambicioso, que prevê a redução de tarifas no comércio bilateral) assim como está fazendo o Uruguai. Mas não usou, em nenhum momento, a expressão “livre comércio”. O Brasil havia concluído acordo similar com o México em junho.

A possibilidade de a Argentina iniciar uma negociação bilateral com o México deixaria o Mercosul em uma situação delicada. De um lado, reacenderia a tentação de uma parcela do governo brasileiro de também buscar um acordo de livre comércio com o México. De outro, seriam implodidos todos os esforços para que o Mercosul mantenha seus objetivos de se tornar uma perfeita união aduaneira – bloco que mantém uma estrutura tarifária comum e que negocia em conjunto acordos comerciais. Do ponto de vista estratégico, a principal conseqüência seria a perda da relevância do Mercosul nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

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