A Argentina aderiu ao horário de verão e vai adiantar o relógio em uma hora, assim como faz o Brasil, a partir de 30 de dezembro. O novo horário vai valer até o dia 30 de março de 2008. A medida faz parte do Plano de Uso Racional e Eficiente da Energia, lançado nesta sexta-feira (21) na Casa Rosada, sede do governo argentino.
O adiantamento do fuso horário é considerado pelos analistas como um avanço do governo para enfrentar a crise energética que afeta o país desde 2003. O plano significa que, finalmente, o governo reconhece a crise, que negava ao longo dos últimos anos.
No anúncio, o ministro do Planejamento, Julio De Vido, fez um balanço de todas as obras em execução no setor energético. As medidas anunciadas hoje têm o objetivo de estimular a população e o setor público ao consumo mais racional e eficiente de energia.
A iluminação pública será modernizada com a substituição por lâmpadas de baixo consumo. Nas repartições públicas, os aparelhos de ar-condicionado não poderão funcionar com uma temperatura menor que 24 graus e os computadores e equipamentos deverão permanecer desligados durante a noite. As luzes também terão de ser apagadas, ao contrário do que ocorre hoje, com as fachadas dos edifícios públicos iluminadas.
No âmbito privado, será estimulada a troca em grande escala das lâmpadas atuais por outras de baixo consumo, as chamadas lâmpadas frias, que serão vendidas por um preço promocional, subsidiado pelo governo. O plano oficial prevê ainda a concessão de créditos do estatal Banco Nación para que os consumidores residenciais troquem os eletrodomésticos antigos por novos, mais eficientes e que consomem menos energia.
Desde 1993
É a primeira vez que a Argentina anuncia um plano mais agressivo para poupar energia. O país não adotava o horário de verão desde 1993, quando o então presidente Carlos Menem desistiu do sistema. Na ocasião, os rumores indicavam que por trás do fim do horário de verão estavam os interesses das empresas recém-privatizadas de energia.
No último inverno, cinco mil indústrias em todo o país sofreram cortes de energia durante 8 horas diárias em todo mês de julho e em algumas semanas de junho e agosto. Cerca de 400 fábricas de Buenos Aires tiveram de fechar suas portas durante uma semana por falta de gás e de eletricidade. Os números da União Industrial Argentina mostraram ao governo que no verão de 2008, a crise poderia ser ainda pior porque houve aumentos de salários de aposentadorias e pensões, o que ajudou a aumentar o consumo doméstico.