O mapa agrícola do Paraná vai ser redesenhado na safra 2005/2006. Culturas como da soja e do algodão, castigados na safra passada por conta da estiagem, devem ceder espaço para o milho e outras opções como o feijão e a cana-de-açúcar. É o que mostra o relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), divulgado na última quinta-feira.
O algodão é a cultura que sofreu redução mais drástica em relação à safra 04/05, com a área cultivada passando de 57 mil hectares para 25 mil – queda de 56%. Até o momento, 90,4% da área já foi plantada, contra 80,3% da safra anterior. Para o chefe do setor de Previsão de Safras do Deral, Dirlei Antônio Manfio, houve desinteresse do produtor paranaense em plantar algodão.
?Os preços estão baixos e sequer cobrem os custos de produção. Além disso, houve o desgaste com a safra anterior e perda significativa de quase 40% por conta da estiagem?, explicou Manfio. No Paraná, a produção de algodão se concentra próximo a Campo Mourão. A cultura, apontou Manfio, está cedendo espaço ao feijão, à cana-de-açúcar e ao milho. ?Alguns estão substituindo uma cultura por outra. Outros nem têm condições financeiras de efetuar o plantio?, comentou.
Outra cultura que está perdendo espaço, mas em proporção bem menor, é a soja. A previsão é que a área plantada caia 4,9%, passando de 4,11 milhões de hectares na safra passada para 3,91 milhões na atual. Na safra 04/05, lembrou Manfio, a falta de chuva provocou a quebra de quase 25% da produção. Conforme o relatório do Deral, as condições das lavouras demonstram bom desenvolvimento na maior parte da área (95%). A soja já foi plantada em 77,4% da área estimada, principalmente no Norte do Estado. O plantio, segundo Manfio, segue até meados de dezembro. ?Em regiões próximas a União da Vitória, Guarapuava, o plantio acontece sempre mais tarde?, explicou.
Milho
Na contramão do algodão e da soja está o milho, cuja área cultivada deve aumentar 11%, passando de 1,28 milhão de hectares na safra anterior para 1,42 milhão na atual. Até agora, conforme o relatório do Deral, cerca de 88,2% da área já foi plantada, contra 91,9% registrados na safra passada.
Segundo o Deral, as condições das lavouras estão demonstrando bom desenvolvimento em 78% da área.
Para Dirlei Manfio, o aumento da área de milho se deve ao custo menor em relação à soja. Além disso, há expectativa de preços melhores, embora o preço da saca venha apresentando queda nos últimos meses. Em agosto, o preço médio era R$ 15,02, caiu para R$ 14,55 em setembro e para R$ 13,08 em outubro. Na semana passada, nova redução: R$ 11,93 a saca. ?Essa queda se deve especialmente à área maior e à expectativa de boa safra, não só no Paraná como em todo o País.? A colheita do milho, no Paraná, deve começar no final de fevereiro.
Outras culturas
O relatório aponta ainda que a colheita do trigo já foi efetuada em 94% da área, semelhante ao da safra passada, quando, no mesmo período 95,1% da área já estava colhida. As condições das lavouras ainda a colher estão sendo avaliadas em ruins a regulares para 63% da área, as quais estão em fase de maturação, e sua colheita deve estender-se até o começo de dezembro.
No caso do feijão das águas, 93,8% da área já está plantada. Na safra passada este percentual era de 97,4% no mesmo período. Até o dia 14, as condições das lavouras eram regulares a boas para 84% da área. As fases estão concentradas entre desenvolvimento vegetativo e frutificação (82%). O plantio desta safra foi antecipado, conseqüentemente, a colheita já está sendo efetuada em oito núcleos regionais, atingindo 2,5% da área. Na safra 04/05, neste mesmo período, apenas 0,6% da área estava colhida.
