Com a proximidade da estação mais fria do ano, o inverno, os produtores paranaenses já começam a se preparar para as culturas tradicionais deste período. A principal delas é o trigo. O Paraná é o maior produtor nacional deste produto. Mesmo com esse título, as condições econômicas ruins que afetam este gênero alimentício estão deixando os agricultores bem desanimados. A produção nacional do trigo, em 2009, foi de 5.026 milhões de toneladas e só o Paraná colheu praticamente a metade deste valor. Assis Chateaubriand, no oeste do Estado, é a cidade com maior produção de trigo e o norte é onde se concentra a maior área de produção: 39% de todo o cereal é cultivado nesta região.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Otmar Hubner, haverá uma redução na área plantada para esta safra. “Com o produtor desanimado, devido ao mercado não estar dos melhores, os produtores resolveram então reduzir de 1.300 milhão de hectares da safra 2009 para 1.150 milhão de hectares neste ano, o que daria uma queda de 12%”, revela. Em contrapartida, Hubner comenta que, mesmo com a redução de área plantada, as estimativas para colheita do trigo são melhores que as do ano passado. “Acredito que deveremos colher 3.100 milhões de toneladas. Em 2009, o número foi de 2.480 milhões de toneladas, o que vai gerar um aumento de 24%. O motivo é que tivemos muitos problemas com as chuvas em 2009 e este ano as previsões são mais otimistas”, informa.
O problema com o trigo deve-se ao alto estoque do produto, que faz o preço despencar. “Além do excesso de trigo no mercado, o fato das chuvas atrapalharem bastante o produtor gerou um produto com uma qualidade inferior ao que estamos acostumados a produzir. Isso certamente contribuiu para essa crise”, avalia o engenheiro agrônomo. Outras culturas do inverno, como canola, centeio, cevada e triticale (cereal híbrido que nasceu do cruzamento do trigo com a cevada), também devem reduzir a área de plantio. “Somando todas as culturas típicas desta estação, espera-se que haja uma diminuição da área plantada de 1.596 milhão de hectares para 1.450 milhão. A exceção fica por conta da aveia, que deve ter um aumento no espaço para plantar, pois o seu custo é menor do que o trigo, por exemplo. Além disso, a aveia paranaense possui uma boa aceitação junto às indústrias alimentícias e, caso tenham problemas em vendê-la, o agricultor pode aproveitá-la como cobertura”, diz.
Hubner conta que ainda não é possível fazer uma produção de quanto o trigo poderá render nesta safra, uma vez que espera que o governo federal anuncie as políticas agrícolas para o inverno. “Acredito que os recursos financeiros para o produtor não devem faltar, mas confesso que não estou certo de que os preços irão subir. Por exemplo, o preço dos trigos melhorador tipo 1 e pão tipo 1 custam, respectivamente, R$ 33,31 e R$ 31,80 a saca, o que não é nem um pouco atraente”, afirma.
Deral disponibiliza informações para o produtor em seu site
O Departamento de Economia Rural (Deral) disponibiliza em seu site (www.seab.pr.gov.br) o Serviço de Informação Diária (SID). O informativo, que existe há mais de 10 anos, pode ser acessado de qualquer lugar do mundo e é voltado principalmente para o produtor rural e para quem acompanha este mercado. “Com a ajuda dos 20 núcleos regionais da Seab, levamos informação com qualidade para os 399 municípios paranaenses. Ao todo, 60 técnicos trabalham com isso, entrando em contato com estações meteorológicas, sindicatos, cooperativas, empresas, entre outros, para disponibilizar, em tempo integral, esta interação”, conta o chefe do Deral Francisco Carlos Simioni.
Mais do que apenas dizer se choveu em um determinado local ou se está tudo bem com uma cultura qualquer, o SID abre um grande leque de informações para os interessados no assunto. “Atualizamos o site de segunda a sexta-feira. Trazemos sempre informações sobre o mercado das culturas, o tempo, situação da lavoura, plantio, temas ligados ao meio ambiente, etc. Além disso, a pessoa que acessar o site irá encontrar reportagens agropecuárias”, garante Simioni.
O chefe do Deral conta que trata-se de um trabalho bem dinâmico e que facilita a vida para quem utiliza estas informações. “O SID condensa em apenas um único lugar assuntos que estariam espalhados em outros sites, ou seja, ele não precisa ir navegar por diversos locais para achar material sobre um determinado assunto ligado a agropecuária. Nossa frequência de acessos é bem alta e recebemos um bom feedback dos nossos leitores, que podem, inclusive, enviar sugestões para o informativo. A perenidade do SID depende dos leitores e, pelo jeito, ele terá uma vida longa”, encerra. (FL)