A Conab (Companhia Nacional da Abastecimento, vinculada ao Ministério da Agricultura) estima um crescimento de 7,7% a 10% para a safra 2005/06 em relação à produção deste ano. Conforme o primeiro levantamento para a próxima safra – divulgado ontem -, a produção brasileira de grãos deve ficar entre 121,5 milhões e 124,8 milhões de toneladas. Já a safra 2004/05 ficou em 113,5 milhões de toneladas.
O recorde histórico registrado pelo Brasil foi em 2002/03, quando a safra atingiu 123,2 milhões de toneladas. Caso as previsões mais otimistas sejam atingidas, exista a possibilidade de que esse recorde seja quebrado na próxima safra.
A área plantada, no entanto, será reduzida entre 3,4% e 5,7%. Os técnicos da Conab, que entrevistaram 2.400 produtores, cooperativas e órgãos públicos e privados entre os dias 17 e 21 de outubro, estimaram que a próxima safra contará com uma área cultivada de 46,08 milhões a 47,21 milhões de hectares. Na safra atual, a área plantada foi de 48,87 milhões de hectares.
As projeções feitas pela Conab são:
Milho – A área plantada do milho primeira safra deverá ter um crescimento de 3,8% a 6% em relação à safra 2004/2005. Já a produção deve ser de 31,7 milhões/t. e 32,6 milhões/t, um número maior que os 27,3 milhões/t. da safra passada, o que equivale a uma variação entre 16,3% e 19,4%.
Feijão – O grão 1.ª safra também teve um aumento da área plantada estimulado pelo preço de mercado e deve ficar entre 5,2% e 6,7% maior que a safra anterior. A produção vai variar entre 1,19 milhão/t. e 1,22 milhão/t., um aumento entre 8,3% e 11%.
Arroz – Deve sofrer uma queda na área plantada de 15% a 11,7% devido aos baixos preços no mercado ocorridos na safra 2004/2005. Isto refletirá na produção que terá uma queda entre 12,6% e 9,4%. Mato Grosso é o Estado onde deverá haver maior redução, variando entre 52,4% a 41,8%.
Algodão – Com uma diminuição da área plantada entre 34,9% e 28,6%, deixarão de ser cultivados entre 411,6 e 336,9 mil hectares dessa fibra. A redução se deve aos baixos preços do produto no mercado. O tipo pluma, por exemplo, deve sofrer uma queda entre 390,6 mil/t. e 294,6 mil/t., o que equivale a 30,1% e 22,7%.
Soja – Também comparada à última safra, a área plantada da soja deve cair entre 7,8% a 4,8% na área plantada, deixando de ser cultivados entre 1,8 milhão e 1,1 milhão de hectares. O desestímulo à cultura é atribuído às baixas cotações do produto nos mercados internos e externos, aliado à desvalorização cambial.
O primeiro levantamento da próxima safra aponta para uma produção entre 56,7 milhões e 58,6 milhões de toneladas de soja, apesar de uma previsão de redução da área plantada do grão de 7,8% a 4,8%. O aumento da produtividade em 14,6% permitirá que a produção aumente mesmo com menos terreno semeado.
De acordo com a Conab, nos últimos 15 anos a produção de grãos do País cresceu cinco vezes mais que a área plantada devido aos avanços tecnológicos e à profissionalização do produtor rural.
BB anuncia mais recursos para o plantio
O Banco do Brasil (BB) liberou ontem mais R$ 6,5 bilhões para atendimento das demandas dos produtores rurais, na safra agrícola 2005/2006. O dinheiro já está à disposição dos interessados nas agências do BB de todo o País, segundo informou o vice-presidente de Agronegócios e governo do banco, Ricardo Conceição.
Segundo Ricardo Conceição, esses recursos se somarão às liberações já comercializadas desde julho último, no valor de R$ 8,5 bilhões, para atendimento às linhas de custeio, comercialização e investimento. As liberações somam, portanto, R$ 15 bilhões na atual safra, e o BB avança rumo à previsão de desembolsos totais de R$ 27 bilhões na safra 2005/2006.
Do total liberado hoje, R$ 1,2 bilhão destina-se ao atendimento do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com isso, sobe para R$ 2,5 bilhões o volume de recursos disponibilizado pelo BB para o Pronaf, e a previsão é que a agricultura familiar receba R$ 5,7 bilhões entre julho de 2005 e junho de 2006.