Foto: Fábio Alexandre – arquivo |
Bom desempenho deste ano surpreende até mesmo empresários do setor. |
A construção civil em Curitiba está finalmente dando sinais de recuperação. Depois do crescimento tímido em 2004 e 2005, a produção imobiliária na capital teve um salto de 35% este ano, passando de quase 950 mil metros quadrados construídos no ano passado para cerca de 1,3 milhão metros quadrados este ano. Desde 2003 a produção imobiliária na capital não alcançava a marca de 1 milhão de metros quadrados construídos.
O bom desempenho do setor em 2006 surpreendeu até mesmo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Julio Cesar de Souza Araujo Filho. ?A gente esperava um crescimento de 10% a 15%, mas houve medidas que ajudaram, como o aporte de recursos e maior oferta de crédito para compra de imóveis?, afirmou Araujo Filho, que reuniu ontem a imprensa para divulgar o balanço 2006 e comentar as expectativas para 2007.
Segundo o presidente do Sinduscon-PR, o aumento dos recursos da caderneta de poupança para o financiamento imobiliário foi um dos fatores que alavancaram a construção civil. Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), foram aplicados no Paraná até setembro deste ano, R$ 278 milhões na habitação – volume bem superior aos R$ 108 milhões em 2005 e R$ 98,5 milhões em 2004. Os recursos do FGTS aplicados no financiamento da moradia para baixa renda também cresceram: de R$ 386 milhões em 2005 para R$ 468 milhões até outubro desse ano – desse montante, cerca de 26% foram destinados à produção. ?Tem que se aplicar mais na produção. Nossa proposta é que fique 50% para a produção e 50% para o mutuário?, apontou.
Apesar dos investimentos no setor imobiliário, o déficit habitacional ainda é alto: cerca de 75,6 mil moradias em Curitiba, 256 mil moradias no Paraná e 7,9 milhões no País – cerca de 90% do déficit habitacional brasileiro é representado pela demanda de famílias com renda de até cinco salários mínimos. ?Não há como solucionar o problema de baixa renda sem subsídio?, criticou Araujo Filho.
A expectativa agora, lembrou, é sobre a Lei Geral de Micros e Pequenas Empresas, que entra em vigor na metade do ano que vem. Além disso, o setor entregou ao ministro Paulo Bernardo (do Planejamento) um documento sobre as propostas da União Nacional da Construção. A proposta aponta a necessidade de que sejam investidos no período de 2007 a 2010 pelo menos R$ 206 bilhões – sendo R$ 160 bi do setor privado e o restante do público – em manutenção e ampliação da malha rodoviária federal, capacidade de geração e distribuição de energia elétrica, saneamento básico e habitação social.
Para 2007, o presidente do Sinduscon-PR reconhece que dificilmente o setor conseguirá repetir o crescimento de 2006. ?Deve haver crescimento, mas não nesse percentual?, apontou. ?Eu já ficaria feliz com o crescimento de 10% a 12%.?