A área plantada no Brasil com sementes transgênicas irá mais que triplicar até 2015 e irá superar a marca de 36 milhões de hectares. A avaliação é do Serviço Internacional de Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês), que divulgou seu relatório anual sobre a situação do cultivo transgênico no mundo. Com o aumento, o Brasil deve superar a Argentina e passar a ser o segundo maior local de cultivo de sementes modificadas no planeta, superado apenas pelos Estados Unidos.
No total, a entidade estima que 200 milhões de hectares em todo o mundo estarão cultivados com a nova tecnologia até 2015, principalmente nos países em desenvolvimento. A área seria maior que todo o território da Grã-Bretanha, maior que toda a produção agrícola dos Estados Unidos hoje e equivalente a toda a área de pastagens existente no Brasil.
Entre 1996 e 2006, a área plantada com transgênicos cresceu 60 vezes. Hoje, 102 milhões de hectares usam esse tipo de sementes, um aumento de 13% em relação a 2005. Só nos Estados Unidos, o aumento foi de 4,8 milhões de hectares. Em 2006, o número de agricultores que cultivam transgênicos também ultrapassou pela primeira vez a marca de 10 milhões de pessoas, contra 8,5 milhões em 2005.
Pelas estimativas da entidade para 2015, 20 milhões de agricultores em 40 países estarão usando a tecnologia. Os países em desenvolvimento terão um peso especial. Hoje, 90% dos usuários das sementes são pequenos agricultores ou estão em países em desenvolvimento. No total, os países em desenvolvimento já representam 40% da área mundial do cultivo transgênico.
Hoje, o Brasil ocupa a terceira colocação no que se refere à plantação de sementes transgênicas e conta com 11,5 milhões de hectares, um aumento de 22% em relação a 2005. O crescimento é o maior da América do Sul, ainda que os argentinos tenham uma área total superior à do Brasil com sementes transgênicas.
Segundo os estudos, 25 milhões de hectares dos 35 milhões de hectares de soja que devem ser plantados em 2015 usarão as sementes transgênicas. Metade dos 15 milhões de hectares de milho em 2015 também adotarão a tecnologia. No algodão, a área plantada com sementes transgênicas chegará a 1 milhão de hectares. Para os especialistas, a resistência a pragas e secas estão entre os benefícios, além da produtividade. O argumento é contestado por ativistas ambientais.
A dúvida, porém, será sobre a utilização da tecnologia na cana-de-açúcar. Se houver uma adoção rápida da tecnologia que hoje ainda está em desenvolvimento no setor da cana, a marca de 36 milhões de hectares prevista pelo instituto internacional pode ser facilmente superada. As estimativas são de que o Brasil plantará 12 milhões de hectares de cana-de-açúcar em 2015.
No restante do mundo, o destaque vai para a Índia, que chegou a ter 3,8 milhões de hectares plantados com sementes transgênicas em 2006 e superou a China. Em apenas um ano, o aumento na Índia foi de 192%.
Mesmo na Europa, região tradicionalmente mais reticente ao uso da tecnologia nas sementes, já são seis países que multiplicaram a área plantada por cinco nos últimos seis anos. Hoje, o continente europeu cultiva 8,6 milhões de hectares em sementes geneticamente modificadas.