A Arábia Saudita vai se esforçar para que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) mantenha os atuais cortes na produção durante a segunda metade do ano, de acordo com autoridades do cartel, uma vez que sinais de desaceleração na demanda global se sobrepõem a ameaças de guerra e preocupações sobre eventuais cortes na oferta do Oriente Médio.
Os sauditas, que lideram a Opep informalmente, já aprofundaram as restrições em sua oferta neste mês, disseram as fontes, à medida que tentam obter apoio para a manutenção dos cortes antes de a Opep e aliados liderados pela Rússia se reunirem nas próximas semanas para discutir a estratégia atual de restringir a produção.
A Arábia Saudita vai apoiar a continuidade dos cortes da Opep no segundo semestre, afirmou ontem o ministro de Energia do país, Khalid al-Falih, segundo relatos da mídia.
Em dezembro do ano passado, a Opep e aliados decidiram cortar a produção combinada do grupo em 1,2 milhão de barris por dia (bpd). Em reação à iniciativa, os preços internacionais do petróleo subiram com força no primeiro trimestre, exibindo seu melhor desempenho no período em décadas.
Desde então, contudo, disputas comerciais e tensões no Oriente Médio – que se agravaram após ataques a dois navios petroleiros no Golfo de Omã na semana passada – têm pressionado as cotações do petróleo para um nível que se aproxima de “bear market”, quando os preços acumulam queda de pelo menos 20% em relação ao pico mais recente.
Os EUA culparam o Irã pelo recente ataque, que ocorreu um mês depois de o governo Trump acusar Teerã de sabotar dois navios sauditas nas proximidades de um porto dos Emirados Árabes Unidos.
Apesar dos riscos maiores à oferta da região, a Arábia Saudita quer maior comprometimento com as metas de cortes na produção da Opep, disseram autoridades sauditas ontem. Isso significa que grandes produtores como Iraque, Nigéria e outros países que não cumpriram o acordo original de dezembro terão de respeitar integralmente o eventual novo pacto, segundo um especialista saudita do mercado de petróleo. A iniciativa faria a oferta desses países cair entre 300 mil e 400 mil bpd, diz o especialista.
A Arábia Saudita já reduziu sua própria oferta em cerca de 150 mil bpd em maio, para 9,65 milhões de bpd, e os cortes continuam neste mês, dizem autoridades do país.
A Rússia é o principal obstáculo para uma extensão dos cortes da Opep. Moscou está satisfeita com o petróleo tipo Brent em torno de US$ 60 por barril e seu ministro de energia tem feito lobby para relaxar as atuais restrições. Fonte: Dow Jones Newswires.