Os juros futuros tiveram nesta terça-feira nova rodada de queda firme, tendo mais uma vez atingido as mínimas no período da tarde, em função de boas notícias no exterior e incremento nas apostas de um comunicado “dovish” do Copom nesta quarta-feira, que alimenta a perspectiva de Selic a 5% no fim do ano ou até abaixo disso. Dado o consenso de que a taxa básica será reduzida para 5,5% nesta quarta-feira, o mercado passou a “operar” o comunicado e a curva agora projeta quase 100 pontos-base de corte até o fim do ano. Ainda, há grande expectativa com a decisão do Federal Reserve.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta a percepção dos agentes para as reuniões do Copom neste ano, fechou com taxa de 5,195%, de 5,216% na segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 caiu de 5,268% para 5,210%. A do DI para janeiro de 2023 fechou em 6,27%, de 6,381%, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 6,971% para 6,84% (mínima).
Os juros ensaiaram alguma realização de lucros na abertura, mas logo o movimento baixista voltou a prevalecer, a despeito da divulgação de dados acima do esperado da produção industrial nos Estados Unidos nesta véspera da decisão do Fed. O recuo das taxas ganhou força na jornada vespertina, quando o dólar passou a cair e após a afirmação do ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, de que o país já fornece petróleo a seus clientes nos níveis anteriores aos ataques aos campos produtores da Saudi Aramco no fim de semana e que os patamares normais de produção devem retornar até o fim de setembro. O reino já restaurou 50% de sua produção perdida nos ataques no sábado, disse o príncipe.
“Isso ajuda tranquilizar e permite ao mercado já voltar o foco totalmente ao Federal Reserve amanhã (quarta)”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Com o petróleo devolvendo parte da alta de segunda, a pressão em cima da Petrobras para elevar os preços dos combustíveis também diminuiu, embora, no mercado de juros, a percepção já era a de que o movimento altista da commodity seria pontual. De todo modo, ainda que os riscos geopolíticos não tenham se dissipado, é um fator a menos a pressionar a inflação, o que dá conforto para ficar aplicado em risco prefixado.
É grande a expectativa do mercado para ver como o Copom vai tratar esta e outras questões do cenário externo em seu comunicado. Como ninguém imagina outra decisão que não a redução de 0,5 ponto na taxa básica, o mercado buscou oportunidades de negócios numa eventual sinalização dos diretores para as reuniões seguintes no texto final. “Tendo como certa a queda de 0,5 p.p. amanhã, o pessoal já começou a operar a rolagem, principalmente com grandes bancos vendo Selic abaixo de 5%”, afirmou o trader da Sicredi Asset Danilo Alencar. O Bradesco prevê Selic em 4,75% e o Santander, em 4,50%, no fim do ano.