Mesmo com todo o bom humor que se desenha no exterior, proveniente do resultado positivo do relatório de emprego de setembro nos EUA, o mercado futuro de juros no Brasil segue limitado pelas perspectivas não tão otimistas para o rumo da política monetária doméstica. As taxas dos contratos futuros de depósitos interfinanceiros (DIs) até arriscaram uma queda no início do pregão eletrônico na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Mas no pregão viva-voz mostram hesitação.
Se tudo continuar tão bem, é possível que o fôlego para alguma queda das projeções até seja retomado nos contratos de prazos mais longos. Mas o volume de negócios registrado até aqui sinaliza que, qualquer que seja o comportamento do mercado, ele não indicará uma tendência firme para a curva de juros. O giro deve ser fraco hoje, confirmando que os investidores estão retraídos por não enxergarem grandes oportunidades de aplicação, diante da aposta de que a taxa Selic (juro básico da economia brasileira) tem pouco – ou nada – a cair daqui para a frente.
O dólar testa novos valores mínimos e era negociado a R$ 1,815 no mercado interbancário de câmbio, em queda de 0,55%. Para os juros futuros, o movimento do dólar pode até ser uma boa notícia. Mas dificilmente autorizará entusiasmo, por causa da aposta geral de que o Banco Central está mesmo incomodado com a atividade econômica em expansão, confirmada ontem pelo resultado da produção industrial de agosto pelo IBGE. A percepção dos profissionais é que somente números muito fracos relacionados à atividade econômica demoveriam o BC de sua intenção, já explicitada na ata do Copom e no relatório trimestral de inflação, de fazer uma pausa no ciclo de alívio monetário. Depois dos números de ontem, o mercado está convicto de que o cenário mais otimista – e menor provável – que se pode enxergar é de mais um único corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic em outubro, fixando-a no nível de 11% ao ano.