Os aposentados irão a Brasília no próximo dia 5 para reivindicar a criação de um Conselho de Seguridade Social que fique responsável pela gestão do sistema previdenciário e reduza suas distorções. Segundo o presidente do Sindicato Nacional de Aposentados Pensionistas e Idosos, João Batista Inocentini, a criação do conselho foi um dos poucos consensos resultantes do Fórum Nacional da Previdência Social, encerrado em 31 de outubro do qual participaram representantes dos aposentados, trabalhadores, governo federal e empresários. "O conselho deve debater os principais problemas e buscar soluções para garantir os direitos do aposentado", disse Inocentini, que participou neste sábado (24) do 3º Congresso Municipal do Sindicato em São Paulo.

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Segundo ele, um dos principais pontos de conflito entre governo e aposentados é a intenção do governo de elevar o tempo de contribuição de 35 anos para 40 anos, vinculado à idade de 65 anos. "Nós aceitamos o aumento do tempo de contribuição desde que não esteja atrelado à idade", disse. Para o sindicato, a melhor alternativa seria conceder a aposentadoria integral àquela pessoa cuja idade e tempo de contribuição somassem 95 anos. Desta forma, os trabalhadores que começassem a trabalhar mais cedo poderiam se aposentar mais cedo desde que tivessem contribuído por mais tempo. Hoje, o trabalhador só recebe o benefício de forma integral se tiver mais de 63 anos, mesmo que tenha contribuído por 35 anos.

Inocentini também defendeu a criação de um teto único para todos os aposentados. "Enquanto 70% dos aposentados do INSS ganham até um salário mínimo, existem servidores públicos ganhando R$ 20 mil", afirmou. Além do mesmo limite, o sindicato reivindica uma revisão nos reajustes. Enquanto os servidores recebem o mesmo reajuste dos trabalhadores que estão na ativa, os demais aposentados têm seu benefício reajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). "O INPC não repõe o poder de compra do aposentado porque as despesas com medicamentos, planos de saúde e aluguel crescem quase três vezes mais do que a inflação por ano", afirmou.

Sem alterar a lei

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A expectativa do sindicato é de que o Conselho de Seguridade Social ajude o governo a fazer algumas mudanças na previdência sem a necessidade de alterações na lei. Ele citou como exemplo a possível criação de alguns critérios que evitem o pagamento de pensão a viúvos jovens e garanta a pensão a viúvos mais velhos que não teriam facilidade para entrar no mercado de trabalho. "O governo quer determinar uma idade fixa de idade e de tempo de casamento, mas acreditamos que o conselho poderia estabelecer alguns critérios para estes casos", disse. O sindicato também defende que o conselho seja responsável pela indicação do presidente do INSS.

O fórum que foi realizado em outubro tinha como objetivo criar um documento que servisse como base para um projeto de lei. No entanto, a falta de consenso em diferentes pontos adiou os planos. "Estamos aguardando uma posição do governo para saber qual será o próximo passo das conversas", disse. "A única coisa definida no documento final do fórum é a criação do conselho.

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