Rio (AG) – Aposentados e pensionistas do INSS estão levando gato por lebre quando o assunto é o crédito consignado com desconto em folha de pagamento. Levantamento feito nas duas últimas semanas constatou que em agências de oito instituições financeiras, no Centro do Rio ? Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Fininvest, Losango, BMG, Banco Panamericano, Banco GE e IbiCred ? a taxa efetivamente cobrada chega a ser mais de três vezes superior à informada na hora da consulta para os empréstimos. Em alguns casos, parcelas com juros anunciados de 1,75% ao mês correspondem, na verdade, a uma taxa final de quase 5,5% ao mês, o que aumenta o peso das parcelas no bolso dos clientes. Outras duas instituições procuradas (Santander e Mercantil do Brasil) negaram-se a fazer a simulação do empréstimo.

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Como diz o ditado, o diabo está nos detalhes. Os juros informados não costumam incluir a Taxa de Abertura de Crédito (TAC), cobrada para o cliente ter acesso ao crédito, e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que, acrescidos da parcela mensal do empréstimo, jogam as taxas efetivamente cobradas nas alturas. No entanto, sem essas duas cobranças, não é possível contratar a linha de crédito. Há casos, como o da Caixa Econômica Federal, em que o cliente precisa ainda pagar, junto com as mensalidades, um seguro obrigatório que banca eventuais prejuízos que a instituição possa ter no caso de falecimento do aposentado.

Denúncias de fraudes nesse tipo de financiamento fizeram o Ministério da Previdência mudar, na última segunda-feira, as regras para concessão do crédito. Agora as instituições terão de informar previamente a taxa que incide sobre o empréstimo, assim como outras taxas ou tarifas cobradas no financiamento.

A maior diferença entre taxas foi encontrada na Fininvest ? que pertence ao Unibanco. Para um empréstimo de R$ 3 mil, a taxa de juros informada no balcão da loja foi de 1,75% ao mês. Cálculos do economista Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostram que as taxas embutidas no valor parcelado ? R$ 347,44 em 12 vezes ? são de 5,47% ao mês. Descontado o valor da TAC (de R$ 105, financiada junto com o valor emprestado), ainda assim é superior à informada: 4,81%. Isso significa um juro anual de 75,72%. Para efeitos de comparação, a taxa básica do país (Selic) é hoje de 19,75% ao ano.

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No Banco BMG ? líder nesse segmento de crédito ? as taxas também não casaram. Num empréstimo de R$ 2.994,17, foi informado que seria cobrada taxa de 1,68% ao mês, quando na verdade, segundo contas do economista e professor da FGV Luís Carlos Ewald, ela é de 3,39% ao mês. Roberto Rigotto, vice-presidente executivo do banco, diz que a diferença pode ser resultado do período de carência da operação.

Em relação às diferenças de taxas na instituição (anunciadas em 1,9% e cobradas de 2,17% ao mês) o Banco do Brasil informou que deve ter havido erro de cálculo e que, na verdade, não é praxe de mercado passar ao cliente a taxa efetiva cobrada.

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No caso do Banco Panamericano (a taxa informada era de 1,65% ao mês ante taxa efetiva de 4,45% ao mês), o gerente da mesa de ativos Alessandro Segura argumentou que a diferença deve-se a período maior de recebimento dos créditos.

?Deve ser efeito da carência, que pode ser de 13, 15 dias além do prazo corrido de 30 dias.?

Procuradas, CEF, IbiCred e Banco GE não se manifestaram. No meio do tiroteio de informações e discrepância entre taxas informadas e cobradas, fica o aposentado.