Após receber francês, governo pede fim do monopólio europeu

Brasília – O Ministério da Fazenda divulgou nesta quinta-feira (2) nota em que reafirma a "insatisfação" do governo brasileiro com o funcionamento e a atual estrutura do Fundo Monetário Internacional (FMI). E informa que isso foi dito ao francês Dominique Strauss-Kahn, candidato ao cargo de diretor-gerente do fundo, recebido ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – na presença dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Segundo a nota, o governo brasileiro falou ao candidato sobre sua reivindicação por mudanças no sistema de votação na instituição, "de forma a permitir maior participação do Brasil e do conjunto dos países em desenvolvimento, democratizando o processo de tomada de decisões". O Brasil sugere abandonar a tradição "não escrita" de que o diretor-gerente do FMI seja sempre um europeu – o atual é o espanhol Rodrigo de Rato. Strauss-Kahn disse que concorda. Leia ao lado.

Por sua vez, o presidente do Banco Mundial é sempre norte-americano. Robert Zoellick assumiu o comando da instituição recentemente, por indicação do presidente George W. Bush.

A reforma dos procedimentos do FMI, "de maneira a permitir a conciliação de seus programas de ajustamento e estabilização com o objetivo maior da promoção do desenvolvimento econômico e social dos países-membros, especialmente os mais pobres", foi outra preocupação exposta pelo presidente Lula.

O documento informa ainda que o ministro da Fazenda, como governador da cadeira que representa o Brasil e mais oito países da região no FMI, realizará consultas e acompanhará o desenrolar do processo sucessório no fundo antes de definir sua posição na eleição do novo diretor-gerente, que ocorrerá em outubro.

O governo brasileiro já vem se manifestando a favor de mudanças no processo sucessório de organismos internacionais, como FMI e Banco Mundial, há algum tempo. Em maio, divulgou nota oficial defendendo que os diretores sejam escolhidos "segundo processos abertos e transparentes, sem restrição a candidaturas em função da nacionalidade".

Esta manifestação foi articulada com o G 20 financeiro, grupo que congrega ministros e presidentes de bancos centrais das economias mais avançadas e dos principais países emergentes. Naquela ocasião, um comunicado semelhante foi emitido pelo ministro das Finanças da África do Sul, Trevor Manuel, presidente do G 20 Financeiro, e pelo secretário do Tesouro da Austrália, Peter Costello.

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