Após a divulgação do primeiro prejuízo anual da gigante dos alimentos BRF, o presidente do conselho de administração da companhia, Abilio Diniz, afirmou que constituiu um comitê para reformular o modelo de gestão da companhia. “Essa será a conversa mais importante dos últimos quatro anos sobre BRF”, disse o executivo na sexta-feira (24) em teleconferência sobre os resultados.

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Além disso, Abilio esclareceu especulações sobre uma possível saída da Península, gestora de investimentos da família Diniz, da BRF. “Quero deixar muito claro que a Península fica firmemente com a BRF.”

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Os comentários sobre uma possível saída da Península da estrutura societária se referem aos maus resultados da companhia, que estaria perdendo posições de mercado em mercados importantes. Isso levou a companhia reduzir preços, prejudicando suas margens e resultados finais.

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Em 2016, o prejuízo da BRF foi de R$ 372 milhões, contra lucro líquido de R$ 2,93 bilhões em 2015. No quarto trimestre, a perda foi de R$ 460 milhões, ante lucro de R$ 1,41 bilhão no mesmo período de 2015.

A estratégia de recuperação da BRF, disse Abilio, se concentrará na correção de erros da companhia. As mudanças deverão ser definidas em 90 dias. A estratégia já foi aprovada pelo conselho de administração. “Essa companhia é incrível, mas estão faltando ajustes”, disse o empresário, citando também a “conjuntura extremamente adversa em 2016”.

A mudança na gestão terá o reforço de Walter Fontana Filho, Eduardo D’Ávila e Zeca Magalhães. “Esse time vai se reunir uma vez por semana”, especificou Abilio. Uma das tarefas dessa equipe será melhorar o fluxo de informações dentro da empresa, com a entrega de dados em tempo real para gestores de diferentes áreas. “Precisamos ter agilidade e rapidez, informações precisas no tempo em que elas estão acontecendo”, disse. Também devem ocorrer mudanças na área de marketing.

Rentabilidade

Do ponto de vista de negócio, o presidente da BRF, Pedro Faria, afirmou na teleconferência que um dos focos é a retomada do crescimento do Brasil e da rentabilidade. Diante da queda no consumo, a companhia trabalhou com estoques elevados em 2016 e foi obrigada a trabalhar com descontos em seus produtos.

A BRF teve uma queda 0,6 pontos porcentuais em sua participação de mercado no quatro trimestre, segundo dados da Nielsen. “A competição vinda de marcas regionais, cujo posicionamento fica entre 60% e 80% do índice de preço (da BRF), impactou principalmente as categorias de embutidos e pratos prontos”, afirmou a companhia, em comunicado.

Em 2016, a empresa foi afetada negativamente pelo preço recorde do milho, um insumo essencial em sua cadeia produtiva. “Estivemos menos preparados para agir sobre o impacto que os grãos causaram na nossa cadeia”, disse Faria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.