Os juros futuros terminaram a sessão regular das 16 horas desta terça-feira perto da estabilidade, com viés de baixa na ponta curta e de alta, na longa. O mercado teve uma manhã tensa, com as taxas chegando a subir em torno de 10 pontos em vários pontos da curva, mas à tarde a pressão de alta perdeu força e estas se acomodaram perto dos ajustes de segunda. Os movimentos, no entanto, não tiveram respaldo no noticiário nem na agenda de indicadores, já que ambos foram fracos nesta terça-feira. O que chamou a atenção no segmento de renda fixa foi o volume de contratos, que ficou bem acima da média dos últimos 30 dias.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 5,44%, de 5,459% ontem no ajuste. Este DI girou em torno de 480 mil contratos, contra média de 290.292 dos últimos 30 dias. O DI para janeiro de 2023 terminou com taxa de 6,44%, de 6,431% na segunda no ajuste, e 241.405 contratos, ante média de 155.050. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou a 6,95%, de 6,931%, com 97.570 contratos. Nos últimos 30 dias, a média foi de 73.563.
Apesar do fechamento “de lado” das taxas, o dia, especialmente o período da manhã, foi de intenso ajuste de posições no DI. O momento mais tenso foi entre 10h e 11h quando chegaram a abrir 10 pontos-base. “As taxas passaram o dia se movendo em cima de fluxo, sem notícia específica. Continuamos assistindo ao desmonte de posições em emergentes e o fluxo de estrangeiros é o que fez a curva oscilar”, afirmou o operador de renda fixa da Renascença DTVM, Luis Felipe Laudisio.
Agravada pelo cenário eleitoral na Argentina, a aversão ao risco nos mercados emergentes, apesar de as moedas desse grupo terem se comportado bem, tem penalizado os ativos brasileiros, uma vez que têm boa liquidez e acabam sendo o alvo principal da liquidação dos chamados não-residentes. Grandes fundos como as americanas Franklin Templeton, Fidelity, T. Rowe Price, Pimco, e a inglesa Ashmore, perderam milhões com a Argentina e, para compensar os prejuízos, os gestores estão reduzindo exposição também no Brasil, em busca de caixa para fazer face a possíveis saques, e também intensificaram a busca por hedge (proteção) no mercado cambial brasileiro.
Diante desse quadro, a persistência do dólar acima dos R$ 4 vai trazendo algum incômodo em relação ao ciclo da Selic, mas mais para as mesas de operação do que para os Departamentos Econômicos. Para os economistas parece haver um consenso de que o hiato do produto pode abrir ainda mais com a desaceleração global e com a cena na Argentina e, juntamente com a queda nos preços das commodities, são fatores desinflacionários que vão se sobrepor à influência da alta do dólar sobre os preços. Já entre os traders, que acompanham mais de perto movimentos de saída de capital e a marcação a mercado dos ativos, há um clima de maior cautela.