economia

Após maior multa da história, Bayer anuncia integração da Monsanto

A Monsanto, que na semana passada foi condenada a pagar indenização de US$ 289,2 milhões a um jardineiro pela exposição a um herbicida agrícola supostamente cancerígeno, será agora totalmente incorporada à alemã Bayer.

A notícia foi divulgada nesta quinta-feira, 16, em comunicado emitido pela nova controladora, que teria desembolsado, segundo avaliação do mercado, cerca de US$ 63 bilhões pela companhia, neste que é tido como o maior negócio da história entre as duas empresas.

Segundo a Bayer informou, a integração da Monsanto no grupo alemão pode começar após a conclusão, nesta quinta-feira, da venda de ativos da Bayer para a Basf na área de agricultura, com volume total estimado em € 2,2 bilhões. A Bayer já havia se tornado a única proprietária da Monsanto no dia 7 de junho.

O anúncio vem após uma saga de dois anos iniciada em maio de 2016, quando a Bayer divulgou a intenção de adquirir a Monsanto. Para atender exigências regulatórias e antitruste, a Bayer se desfez de vários ativos e realizou uma série de operações envolvendo ações e dívida, a mais recente das quais foi uma emissão de direitos no valor de € 6 bilhões (US$ 6,99 bilhões) anunciada no dia 3 de agosto.

Em nota separada, a Basf informou que concluiu a aquisição do negócio global de sementes de hortaliças da Bayer, que opera sob a marca Nunhems. O negócio abrange 24 cultivos e aproximadamente 2,6 mil variedades, além de operações de pesquisa e desenvolvimento e melhoramento genético.

No começo do mês, a Basf já havia informado a conclusão da aquisição de negócios e ativos da Bayer na área de soluções para agricultura e que a exceção era justamente o segmento de sementes de hortaliças, cujo fechamento estava previsto para este mês.

“Um dos requisitos do Departamento de Justiça dos EUA era que a Bayer e a Monsanto permanecessem empresas separadas e continuassem a operar separadamente até a conclusão desses desinvestimentos para a Basf, e isso já ocorreu”, disse a Bayer no comunicado. “A aquisição da Monsanto dá origem a uma empresa agrícola líder com um alto nível de força inovadora, um forte portfólio de produtos e os mais altos padrões éticos.”

A empresa espera que a aquisição tenha contribuição positiva para o lucro por ação a partir de 2019, com um porcentual de dois dígitos a partir de 2021. “De 2022 em diante, contribuições anuais de US$ 1,2 bilhão para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) antes de itens especiais são planejadas a partir de sinergias.”

Herbicida é alvo de indenização milionária

Sobre a decisão de um júri da Califórnia, que condenou, na sexta-feira passada, 10, a Monsanto a pagar indenização de US$ 289,2 milhões ao jardineiro Dewayne “Lee” Johnson que afirma ter contraído câncer por causa da exposição a um herbicida com glifosato produzido pela Monsanto, a Bayer informou que o veredicto do júri é apenas o primeiro passo neste caso e que ainda cabe recurso.

“À medida que esse caso prossegue, a Bayer acredita que os tribunais acabarão decidindo que a Monsanto e o glifosato não foram responsáveis pela doença do Sr. Johnson.”

A Bayer afirmou ainda que a decisão do júri “está em desacordo com o peso da evidência científica, décadas de experiência no mundo real e as conclusões de reguladores em todo o mundo que confirmam que o glifosato é seguro e não causa linfoma não-Hodgkin”.

A empresa afirmou ainda que, por causa da exigências impostas pelo Departamento de Justiça dos EUA, não teve acesso a informações internas detalhadas da Monsanto. “Sob essas condições, a Bayer não tinha permissão para influenciar em assuntos relacionados aos negócios da Monsanto, e sua capacidade de comentar ativamente sobre eles em detalhes era extremamente limitada”, afirmou. “Hoje, no entanto, a Bayer também ganha a capacidade de se envolver ativamente nos esforços de defesa nas ações sobre o glifosato e em quaisquer outras disputas legais, como potenciais reclamações por danos relacionados ao produto Dicamba.”

Separadamente, a Basf informou que o acréscimo do negócio de sementes de hortaliças que era da Bayer melhora a oferta de produtos para os agricultores. “Fortalece a plataforma de sementes da empresa e complementa o portfólio de Soluções para Agricultura”, afirmou a empresa. Segundo a Basf, o valor total desembolsado para adquirir os ativos da Bayer é de 7,6 bilhões de euros em espécie, sujeito a ajustes no momento do fechamento.

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